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Gatos vira-latas representam a maioria dos felinos adotados no Brasil

Apesar de não seguirem um padrão estético definido, eles são cada vez mais valorizados por tutores que priorizam a convivência e a responsabilidade afetiva.

Cada gato vira-lata é único em sua aparência e personalidade

Os gatos Sem Raça Definida (SRD), conhecidos popularmente como vira-latas, representam a maioria dos felinos adotados no Brasil.

De acordo com o Instituto Pet Brasil, 80% dos gatos que vivem em lares brasileiros são SRDs, o que revela a predominância desses felinos na relação entre pessoas e animais de companhia.

“A adoção de um vira-lata é, acima de tudo, um ato de cidadania, pois contribui para a redução do número de animais abandonados”, destaca a organização em relatório de 2023 sobre o mercado pet.

Com pelagens variadas, comportamentos singulares e saúde muitas vezes mais robusta do que a de gatos de raça, esses animais simbolizam diversidade e afeto. Apesar de não seguirem um padrão estético definido, eles são cada vez mais valorizados por tutores que priorizam a convivência e a responsabilidade afetiva.

Variação de pelagem e comportamento diferencia cada felino

Ao contrário de raças com padrões estabelecidos, os gatos vira-latas se destacam justamente pela diversidade. Podem apresentar pelagem curta, longa ou rajada, olhos de diferentes cores e portes variados.

Essa multiplicidade resulta da mistura genética, que, segundo especialistas, também contribui para reduzir a predisposição a doenças hereditárias. Um levantamento publicado pela revista Veterinary Journal aponta que felinos SRD apresentam maior resistência imunológica, consequência da chamada heterose, o hibridismo resultante do cruzamento entre diferentes linhagens.

Além da saúde, o comportamento também é uma característica marcante. Alguns são extremamente independentes, outros demonstram forte apego aos tutores, mas todos compartilham o traço da adaptabilidade.

Para o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), essa flexibilidade de personalidade reforça a importância de avaliar o animal individualmente. “Não se deve esperar de um gato vira-lata um comportamento padronizado. Cada um é único, e essa é a grande beleza da convivência com eles”, ressalta o órgão em nota técnica sobre bem-estar felino.

Por que adotar um gato vira-lata

Mais do que um gesto de solidariedade, a adoção de um SRD representa compromisso com a causa animal, pois esses felinos são os que mais lotam abrigos e campanhas de resgate.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que só no Brasil existam mais de 10 milhões de gatos em situação de rua, grande parte sem raça definida. Ou seja: escolher um vira-lata é também uma forma de reduzir o abandono.

Entre os principais motivos para considerar a adoção, estão:

  • A ampla diversidade de cores e padrões de pelagem, que torna cada animal único;

    A saúde frequentemente mais resistente a doenças hereditárias;

  • O custo de adoção reduzido em comparação à compra de gatos de raça;
  • O impacto social positivo, já que contribui para o controle da superpopulação felina;
  • O vínculo afetivo intenso, marcado pela gratidão dos animais resgatados.
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Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.