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Trocar a areia do seu gato exige paciência e técnica: entenda como fazer a transição sem estresse

Adaptação gradativa evita rejeição e comportamentos indesejados

Se o gato parar de usar a caixa mesmo com transição gradual, é importante consultar um veterinário

Gatos são animais notoriamente sensíveis a mudanças e isso inclui alterações na caixa de areia.

Trocar o tipo de substrato higiênico sem um processo de transição adequado pode resultar em recusa do uso, xixi fora do lugar e até problemas de saúde, como retenção urinária por estresse.

“Gatos são muito apegados à rotina e ao ambiente. Pequenas mudanças podem gerar grande desconforto”, afirma a veterinária Marcela de Souza, do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP).

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Como fazer a troca corretamente

A melhor maneira de trocar a areia do gato é aos poucos, misturando o novo tipo à antiga em proporções crescentes. Isso permite que o animal se acostume com as mudanças sensoriais de cheiro, textura e absorção.

  • Dias 1 a 3: 75% areia antiga + 25% nova;
  • Dias 4 a 6: 50% antiga + 50% nova;
  • Dias 7 a 9: 25% antiga + 75% nova;
  • A partir do dia 10: 100% areia nova.

Segundo a Associação Americana de Clínicos de Felinos (AAFP), gatos podem desenvolver aversão à caixa de areia se ela estiver com odor forte, for mal posicionada ou apresentar alterações.

“Mudanças na caixa ou na areia devem ser feitas com cuidado, sempre observando a aceitação do animal”.

Fatores que interferem na aceitação

Além da técnica de transição, é importante observar outros aspectos com relação ao produto:

  • Textura: areias muito grossas ou perfumadas podem desagradar;
  • Quantidade: gatos preferem caixas com pelo menos cinco centímetros de profundidade de areia;
  • Localização: caixas devem ficar em locais tranquilos e acessíveis, longe de comida e água;
  • Limpeza: o ideal é retirar os dejetos diariamente e fazer a troca completa semanalmente.

“O comportamento de eliminação inadequado é uma das principais causas de devolução de gatos adotados”, alerta o Manual de Posse Responsável do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal.

Por isso, garantir que o animal se sinta confortável com a caixa de areia é parte fundamental da convivência saudável.

Areias mais comuns e suas vantagens

Existem vários tipos de areia disponíveis no mercado:

  • Mineral (argila): alta absorção, forma torrões, mas gera mais poeira;
  • Sílica: boa durabilidade e controle de odores, mas pode ser desconfortável para alguns gatos;
  • Biodegradáveis (milho, madeira, mandioca): sustentáveis e geralmente bem aceitas;
  • Granulados higiênicos: não aglomeram, mas facilitam a limpeza diária.

Não há uma fórmula universal: o melhor tipo será aquele que combina com as preferências do gato e com a rotina da casa.

Quando procurar ajuda

Se o gato parar de usar a caixa mesmo com transição gradual, é importante consultar um veterinário.

“Problemas urinários e intestinais podem ser confundidos com birra ou comportamento inadequado”, explica a médica-veterinária Fabiana Araújo, do Hospital Veterinário da USP.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.