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Estudo mostra jornada de iguanas pelo Pacífico: 8.000 kms até Fiji em jangadas naturais

Pesquisa revela caminho das iguanas até as ilhas Fiji e destaca a capacidade de adaptação e resistência dos animais

As iguanas viajaram mais de 8.000 km do continente americano para as ilhas do Pacífico, em uma travessia realizada em jangadas de vegetação flutuante, fenômeno raro e fascinante observado em várias espécies de animais.

É o que aponta um estudo liderado por especialistas em biologia evolutiva, como os pesquisadores da Universidade de Sydney. Ele explica como essas criaturas superaram enormes distâncias para habitar as ilhas Fiji, localizadas entre o Havaí e a Nova Zelândia.

De acordo com os cientistas, este comportamento pode ser considerado uma das formas mais impressionantes de dispersão animal, especialmente quando se considera a vastidão do oceano que separa as ilhas do continente.

Os resultados, publicados na segunda-feira (24) no jornal Proceedings of the National Academy of Sciences, ajudam a esclarecer o antigo mistério de como esses répteis chegaram a ilhas tão remotas.

Pesquisas anteriores sobre o movimento de espécies pelo oceano já haviam apontado alguns exemplos de animais migratórios utilizando correntes marítimas ou vegetação flutuante.

No entanto, o caso das iguanas de Fiji oferece novas perspectivas sobre como os animais podem percorrer distâncias tão imensas sem a ajuda de tecnologias como embarcações ou outras formas de auxílio.

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O uso de vegetação flutuante não é algo comum, mas pode ser observado em diferentes ecossistemas. Em algumas situações, é possível ver desde aves a pequenos mamíferos e répteis se aproveitando de correntes de vento e vegetação para viajar distâncias consideráveis.

Além da jornada das iguanas, o estudo também traz novas informações sobre a evolução dessas espécies.

Ao investigar as diferenças genéticas, os cientistas puderam traçar as origens dessas populações e como elas se espalharam ao longo do tempo.

A publicação ajuda a compreender como as espécies de animais podem conquistar novos territórios, superar desafios naturais e adaptar-se a ambientes diferentes de seus locais de origem.

Ela ainda abre portas para novas investigações sobre a capacidade de adaptação de outras espécies e o impacto das mudanças climáticas na migração animal. Entender como os animais utilizam esses meios naturais de transporte pode ser fundamental para a conservação de várias espécies ao redor do mundo.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.
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