Após a reportagem exibida pelo programa Fantástico no último domingo, que mostrou os impactos da mineração ilegal em Ouro Preto e revelou que a Polícia Federal identificou uma lista de nomes supostamente ligados ao caso, a circulação desse documento nas redes sociais provocou forte repercussão na cidade.
A lista, que segundo a PF estava em poder de pessoas investigadas ligadas ao esquema, inclui nomes de vereadores, líderes comunitários, padres, professores, empresários e até moradores simples da região. Especialistas e autoridades locais alertam que a interpretação desse material tem gerado distorções.
Na cidade, versões que circulam nas redes sociais apontam que os nomes listados seriam “suspeitos” ou “envolvidos” com a quadrilha. Mas, para representantes citados, o contexto é outro: a lista reuniria justamente pessoas e instituições que atuam de alguma forma em discussões sobre mineração — muitas delas, inclusive, contrárias ao avanço ilegal da atividade.
Entre os nomes citados estão o historiador e professor Alex Bohrer, ativo nas lutas comunitárias da região do Botafogo, e o secretário municipal de Meio Ambiente, Chiquinho de Assis, ambos reconhecidos como opositores de práticas de exploração irregular.
O historiador e professor Alex Bohrer conversou com a nossa reportagem:
“ Eu queria dizer primeiro que a lista que está circulando na internet foi retirada totalmente do contexto. Essa lista é uma lista de nomes que estavam em poder dos mineradores. É uma lista com nomes diversos. Ali tem professores, juízes, inclusive até o zelador da igreja de Botafogo. Não é uma lista de pessoas investigadas pela Polícia Federal. Não é uma lista de corruptos. É uma lista de pessoas que estavam na mira dos mineradores. Isso tem que ficar bem claro.”
O professor destacou ainda que sua atuação comunitária vem de longa data, com iniciativas em defesa do tombamento da Serra do Botafogo e da preservação da Capela de Santo Amaro, uma das mais antigas de Minas Gerais.
Também em contato com a Itatiaia, o secretário municipal de Meio Ambiente, Chiquinho de Assis esclareceu::
“A gente está num momento de muito oportunismo, mas é importante dizer que internet não é terra sem lei. Aquela lista divulgada foi encontrada no computador de pessoas investigadas e traz nomes dos mais diversos: juízes, procuradora federal, padres, empresários, professores e membros do governo. É preciso atenção para não generalizar, porque muitos desses nomes, com toda certeza, vão tomar providências. Nós também vamos...”
O secretário explicou ainda que o licenciamento minerário não é responsabilidade do município, mas sim do governo federal e do Estado, por meio da Agência Nacional de Mineração e órgãos ambientais estaduais.
A nossa reportagem entrou em contato com a Polícia Federal para esclarecer a natureza da lista mencionada nas investigações sobre a mineração ilegal em Ouro Preto e aguarda retorno do órgão.