Ouvindo...

Conheça as regras de ouro que protegem o trabalhador e o empregador na indústria de alimentos

Augusto de Souza da Silva, Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos, explica como a indústria pode se adequar às normas e evitar riscos; auditorias internas são chave para o sucesso

BPF descomplicado; saiba o que fazer para garantir a qualidade e evitar multas pesadas

As Boas Práticas de Fabricação (BPF) são essenciais para qualquer indústria de alimentos e bebidas que queira se manter firme no mercado. Elas garantem que o produto final chegue com qualidade e segurança à mesa do consumidor. Em entrevista à Itatiaia, o especialista Augusto de Souza da Silva, Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos, detalhou como um programa de BPF bem estruturado e auditorias internas rigorosas podem transformar a rotina de uma fábrica, proteger a saúde pública e fortalecer o negócio.

O que são as Boas Práticas de Fabricação?

As Boas Práticas de Fabricação, ou BPF, são um conjunto de regras e procedimentos para garantir a higiene e a qualidade em todo o processo de produção de alimentos. Para o trabalhador, isso significa um ambiente mais limpo e seguro. Para o empresário, é a certeza de que seu produto não causará problemas de saúde e não trará prejuízos com lotes inteiros sendo descartados.

Segundo Augusto de Souza, a base de tudo é seguir as leis, como a RDC 275/2002 da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a Portaria 368/1997 do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). “A estruturação de um programa sólido de Boas Práticas de Fabricação (BPF) é um dos pilares para garantir segurança e qualidade nos alimentos”, afirma o especialista.

Como funciona na prática?

Para que as regras não fiquem só no papel, o programa de BPF define ações claras para o dia a dia da fábrica. Isso inclui desde a higiene pessoal dos funcionários até o controle da qualidade da água e a limpeza dos equipamentos. O objetivo é criar uma cultura onde todos entendem a importância de suas tarefas para o resultado final.

Augusto de Souza destaca alguns pontos fundamentais:

  • Higiene pessoal: Lavar as mãos corretamente, usar uniformes limpos e toucas.
  • Qualidade da água: Garantir que a água usada na produção seja potável.
  • Limpeza e sanitização: Manter equipamentos e o ambiente sempre limpos.
  • Controle de pragas: Evitar a presença de insetos e roedores na fábrica.
  • Manutenção preventiva: Cuidar das máquinas para que não quebrem e contaminem os produtos.

“Para que seja eficaz, investimos em treinamentos periódicos, comunicação visual simples e auditorias internas regulares”, explica Augusto. Dessa forma, a equipe toda fica alinhada e as boas práticas viram rotina.

A importância da auditoria interna

A auditoria interna funciona como um “check-up” do processo. É quando a própria empresa verifica se as regras de BPF estão sendo seguidas à risca. Segundo o especialista, uma auditoria bem-feita começa com um bom planejamento, focando nas áreas de maior risco.

Durante a auditoria, os auditores buscam provas de que tudo está funcionando como deveria. “Quando identificamos falhas, classificamos por severidade baseada no risco e estabelecemos planos de ação”, detalha Augusto. Ferramentas como o 5W2H (um checklist que responde o quê, porquê, onde, quem, quando, como e quanto custa) ajudam a organizar as correções.

Cultura de qualidade é trabalho de todos

Mais do que seguir regras, o especialista reforça que a qualidade é um compromisso de todos, desde a liderança até o chão de fábrica. Quando os chefes dão o exemplo e os funcionários entendem o impacto do seu trabalho, a cultura de segurança dos alimentos se fortalece.

“Incentivamos que a liderança esteja próxima das equipes, demonstrando na prática a importância dos cuidados com a qualidade”, diz Augusto. Ele também menciona que programas de reconhecimento e o acompanhamento de indicadores ajudam a manter todos engajados e comprometidos com a qualidade do produto que chega à sua casa.

Como as BPF protegem o trabalhador

Além de garantir a qualidade dos alimentos, as Boas Práticas de Fabricação também protegem quem trabalha na fábrica. Um ambiente com regras claras de higiene e limpeza reduz o risco de acidentes e doenças ocupacionais. Máquinas bem cuidadas quebram menos e causam menos problemas para quem opera.

Augusto de Souza da Silva explica que o treinamento constante é fundamental: “Realizamos treinamentos contínuos, combinando abordagens presenciais, e-learning e exercícios práticos no chão de fábrica”, disse à reportagem. Isso significa que o trabalhador não fica perdido e sabe exatamente como fazer seu trabalho de forma segura.

Empresa que investe em qualidade tem menos problemas

Para o empresário, seguir as BPF não é só uma obrigação legal, é um investimento que traz retorno. Quando a empresa segue as regras, evita multas pesadas da Anvisa e do MAPA. Também não perde dinheiro com produtos que precisam ser jogados fora por contaminação.

O especialista destaca que “incentivamos a criação programas de engajamento e reconhecimento para valorizar boas práticas”. Isso significa que funcionários comprometidos com a qualidade são reconhecidos e premiados, criando um ambiente onde todos querem fazer o melhor trabalho possível.

Adaptação às mudanças é constante

O mundo da indústria de alimentos está sempre mudando. Novas leis aparecem, novas tecnologias surgem e as empresas precisam se adaptar rapidamente. Augusto explica como isso funciona na prática: “Realizamos revisões periódicas dos POPs, PACs e manuais, promovendo os ajustes necessários sempre que surgem novas regulamentações ou tecnologias”.

POPs são os Procedimentos Operacionais Padrão, ou seja, o passo a passo de como fazer cada tarefa na fábrica. PACs são os Planos de Ação Corretiva, que definem o que fazer quando algo sai errado. Manter esses documentos atualizados garante que a empresa não fique para trás e continue competitiva no mercado.

Leia também

Por que isso importa para você?

Se você trabalha em uma fábrica de alimentos ou tem um pequeno negócio no setor, entender as BPF pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso. Para o trabalhador, significa um ambiente mais seguro e estável. Para o empresário, é a garantia de que o negócio vai durar e crescer.

As auditorias internas, segundo Augusto, são como uma “manutenção preventiva” do negócio: “Após a implementação, realizamos follow-up para verificar se as melhorias apontadas em plano de ação foram eficazes”. Isso evita que pequenos problemas se transformem em grandes prejuízos.

O investimento em qualidade também melhora a imagem da empresa no mercado. Consumidores confiam mais em marcas que seguem as regras e cuidam da qualidade. Isso se traduz em mais vendas e maior estabilidade para os empregos.

Prepare sua empresa para certificações nacionais e internacionais com a assessoria do SENAI. Clique para saber mais.

Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.