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No entanto, uma revolução está redefinindo esse paradigma. A combinação da
“É uma transformação de paradigma onde pensávamos produzir pra estocar e hoje passamos para o produzir somente o necessário e sob demanda”, explica Flávio Robson de Freitas, analista de Tecnologia do Centro de Treinamento de Desenvolvimento da Indústria 4.0 do Senai, em entrevista à Itatiaia.
Flávio, que é Mestre em Technology and Innovation in Additive Manufacturing e em Engenharia Mecânica, ressalta que esse modelo híbrido altera fundamentalmente “a forma de pensar a produção”.
A dança do aditivo e do subtrativo
Antes, justificar os custos de setup de máquinas exigia grandes lotes. Hoje, segundo o especialista, a história é outra. A impressão 3D assume as etapas iniciais, sendo o foco principal a criação de “geometrias complexas” e protótipos funcionais.
“Depois do processamento, o CNC faz o papel de acabamento, garantindo precisão e qualidade final das peças”, detalha Flávio.
Isso permite que PMEs fabriquem sob demanda, em pequenos lotes ou até peças únicas, com agilidade e menos desperdício. “Esse modelo híbrido permite que pequenas e médias indústrias tenham o mesmo nível de flexibilidade e eficiência que antes só as grandes empresas conseguiam realizar”, afirma.
Rivais ou complementares? O critério da escolha
A maior barreira para a adoção, muitas vezes, é a dúvida: quando optar pela impressão 3D em vez da usinagem CNC, ou vice-versa? Para o analista do Senai, a resposta está no objetivo da peça.
“Se o componente é complexo, com formas e geometrias orgânicas, se possui canais internos ou precisa ser construído rapidamente [...] a impressão 3D é o melhor cenário”, aponta. Ela elimina a necessidade de ferramentais caros e encurta o tempo entre o projeto digital e o protótipo funcional.
“Agora, se a peça exige altíssima precisão dimensional, como tolerâncias apertadas, ou produção em grandes escalas, a usinagem CNC é a escolha mais assertiva”, contrapõe.
O ideal, reforça Flávio, é não vê-las como concorrentes. Muitas empresas já adotam o fluxo híbrido: imprimem a peça (metálica ou polimérica) e usam o CNC apenas para o acabamento fino, removendo pouco material. É, segundo ele, “a junção da liberdade do design aditivo com a precisão que o processo subtrativo de usinagem nos permite aplicar”.
Onde está o retorno do investimento (ROI)?
Muitos industriais ainda veem a impressão 3D como um custo inicial elevado. Flávio Robson de Freitas reconhece o investimento, mas argumenta que “o retorno vem de forma muito rápida”. O ganho real está no tempo.
“O maior ganho está no tempo de desenvolvimento, tempo de resposta ao cliente e tempo de entrega do produto”, diz ele à Itatiaia. “Uma peça que antes demorava semanas pra ficar pronta pode ser prototipada em algumas horas ou até minutos com altíssima qualidade e precisão.”
Além da velocidade, o especialista cita a “redução real de desperdício de material” e a “possibilidade de testar novas ideias sem custo de ferramentas caras”. O processo híbrido, conclui, torna-se “mais rápido e mais inteligente”.
O futuro: IA no design generativo
E o próximo passo dessa inteligência já chegou: a Inteligência Artificial (IA). “Hoje podemos contar tbm com as ferramentas da Inteligência Artificial dentro do universo da impressão 3D industrial”, destaca Flávio.
A IA, explica, auxilia engenheiros a criarem peças “mais leves e resistentes”, aplicando conceitos de design generativo. Ele faz uma ressalva importante, afastando o receio da substituição profissional: “Vale lembrar que isso não substitui o engenheiro, ela amplia as possibilidades de criação e acelera a inovação”.
Para o analista, o investimento não só reduz custos a médio prazo, mas fortalece a capacidade de inovação da empresa, abrindo um leque de produtos complexos que antes eram impossíveis de fabricar. “E isso, no mercado atual, é o que realmente garante a competitividade”, conclui.
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