Quem é Jeannette Jara, comunista candidata à presidência do Chile

Mais de 11 milhões de eleitores foram às urnas neste domingo (16) para decidir o futuro do Chile; o próximo presidente do país será definido em segundo turno

A candidata à presidência do Chile, Jeannette Jara, da coligação Unidad por Chile, discursa após a divulgação dos primeiros resultados das pesquisas de boca de urna das eleições gerais, em Santiago, em 16 de novembro de 2025.

A candidata de esquerda Jeannette Jara, de 51 anos, e o político de ultradireita José Antonio Kast, de 59 anos, vão disputar o segundo turno para definir a presidência do Chile em 14 de dezembro. Os candidatos foram os mais votados no primeiro turno, realizado neste domingo (16). A votação foi marcada pelo equilíbrio em meio a uma campanha dominada pelo medo e pela insegurança.

Jara foi a mais votada no pleito (26,9%), com uma vantagem de 2,8% sobre Kast (23,9%), conforme o Serviço Eleitoral (Servel). No entanto, a comemoração foi pequena no ponto de concentração dos apoiadores da candidata de esquerda, no centro de Santiago.

“Temos um pouco de medo do que vem pela frente. Os outros candidatos são, em sua maioria, de direita. Possivelmente, os votos também irão para Kast no segundo turno”, afirmou à AFP Katherine González, uma dentista de 29 anos.

Representante de uma coalizão de centro-esquerda, Jara enviou uma mensagem aos apoiadores. “Não deixem que o medo congele seus corações. Não vale a pena. O medo deve ser combatido dando mais segurança as famílias”, disse.

Quem é Jeannette Jara?

Nascida em Santiago, no Chile, em 23 de abril de 1974, Jeannette Jara é advogada e administradora pública. De 2022 a 2025, atuou como ministra do Trabalho e Previdência Social, durante o governo de Gabriel Boric.

Membro do Partido Comunista do Chile desde 1989, a política venceu as primárias presidenciais da coligação governista Unidade Pelo Chile, o que a definiu como candidata às eleições gerais de 2025.

Jara cresceu no bairro de El Cortijo e chegou a morar em uma casa improvisada, sem acesso a água encanada. Filha de um mecânico industrial e de uma dona de casa, a comunista é a mais velha de cinco irmãos.

A vida política de Jara começou cedo, aos 14 anos ela ingressou na Juventude Comunista do Chile. Na década de 1990, fez parte de uma geração de líderes estudantis que buscaram restabelecer a representação estudantil nas universidades chilenas após a ditadura.

Jara renunciou ao cargo de ministra do Trabalho e Previdência Social em 7 de abril de 2025 após ser indicada pelo Partido Comunista como candidata à presidência. Ainda em abril, ela recebeu apoio do partido Ação Humanista.

Eleição acirrada

Embora o Chile seja um dos países mais seguros do continente, a campanha eleitoral foi dominada pelo medo diante do aumento da criminalidade, o que deu impulso aos candidatos de extrema direita, com projetos de deportação em massa e de combate ao crime.

Levantamentos do governo chileno indicaram que os homicídios aumentaram 140% nos últimos 10 anos, passando de uma taxa de 2,5 para 6 para cada 100.000 habitantes em 2024. No ano passado, o Ministério Público relatou 868 sequestros, um aumento de 76% em relação a 2021.

A campanha esteve dominada do início ao fim pelas propostas de segurança, o que inclusive obrigou Jara a relegar suas ideias para programas sociais ao segundo plano para falar sobre suas estratégias de combate à criminalidade.

Na votação deste domingo (16), o terceiro mais votado foi o candidato Franco Parisi (19,7%), um economista de direita do Partido da Gente, considerado populista. Aos 58 anos, ele surpreendeu ao superar o ultraliberal Johannes Kaiser, que aparecia em terceiro lugar nas pesquisas.

*Com AFP

Sob supervisão de Rayllan Oliveira

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Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas

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