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Premiê do Reino Unido dá ultimato a Israel e pode reconhecer Estado da Palestina em setembro

Segundo Starmer, o reconhecimento não seria imediato, mas faria parte de um esforço conjunto de países europeus para pôr fim ao conflito entre Israel e Hamas

Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido.

O Reino Unido pode reconhecer o Estado da Palestina de forma oficial em setembro, de acordo com o primeiro-ministro, Keir Starmer. Em um anúncio feito nesta terça-feira (29), Starmer fez um ultimato ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmando que o reconhecimento será realizado caso Israel não concorde com um cessar-fogo.

A declaração oficial do governo veio após uma reunião de emergência com ministros, durante o recesso de verão, para discutir um “plano de paz” em Gaza.

Segundo Starmer, o reconhecimento não seria imediato, mas faria parte de um esforço conjunto de países europeus para pôr fim ao conflito entre Israel e Hamas.

Na última semana, o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou que o país reconhecerá o Estado Palestino durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, visando uma “paz justa e duradoura no Oriente Médio”.

Dos 193 Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU), 144 já reconhecem a Palestina como Estado, incluindo Espanha, Irlanda, África do Sul, Egito, Argentina, Colômbia e Brasil.

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Entre os países que ainda não reconhecem o Estado Palestino estão nações como Austrália, Estados Unidos, Japão, Itália e Israel.

A França será o primeiro país do G7 — grupo formado pelas maiores economias do mundo — a reconhecer oficialmente a Palestina. O Reino Unido pode ser o segundo.

Pressão em Netanyahu

A imprensa internacional considera a repercussão da situação humanitária em Gaza, especialmente em relação à fome, como a “virada de chave” para o aumento da pressão sobre Netanyahu.

O jornal estadunidense The New York Times escreveu que um “coro de alertas” sobre a fome em Gaza, após restrições impostas por Israel à entrada de alimentos, “alterou os cálculos”, levando mais de 250 parlamentares britânicos a assinarem uma carta direcionada a Starmer e ao secretário de Relações Exteriores, David Lammy, pedindo o reconhecimento do Estado da Palestina.

Na última sexta-feira (25), cerca de três mil pessoas protestaram contra a crise alimentar em Gaza em frente à residência oficial do primeiro-ministro britânico, em Londres.

O próprio presidente dos Estados Unidos, Donald Trump — que se reuniu com Starmer na segunda-feira (28), na Escócia, e é considerado um aliado de Netanyahu — reconheceu o agravamento da fome em Gaza, afirmando que é preciso cuidar “das necessidades humanitárias no que um dia se chamou de Faixa de Gaza”.

Os Estados Unidos, atualmente, são o maior fornecedor de armamentos para Israel e estão envolvidos no conflito desde o início.

Quando questionado por jornalistas se concordava com a declaração de Netanyahu de que “não havia fome ou política [israelense] de fome em Gaza”, Trump, no entanto, discordou.

A ONU classificou a atual situação dos palestinos como um “show de horrores”. Mais de 100 organizações não governamentais também alertaram, na última quarta-feira (23), que um cenário de “fome em massa” estaria se espalhando pelo território.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.