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Itamaraty repudia sanção dos EUA contra mulher de Moraes: ‘Brasil não se curvará'

Advogada Viviane Barci de Moraes foi incluída na lista de sancionados pela Lei Magnitsky

O Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília

O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota nesta segunda-feira (22) em que repudia a inclusão da advogada Viviane Barci de Moraes, mulher do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, na lista de sancionados com base na Lei Magnitsky. Viviane também teve sua empresa, a Lex Instituto de Estudos Jurídicos Ltda, punida com a norma americana.

No comunicado, o Itamaraty afirma que o governo brasileiro recebe a medida “com profunda indignação” e classifica a ação como uma “tentativa de ingerência indevida” da administração de Donald Trump no Brasil, baseada em “inverdades”.

“O recurso do governo Trump à Lei Magnitsky, no caso do Brasil, uma democracia que se defendeu, com êxito, de uma tentativa de golpe de Estado, não apenas é uma ofensa aos 201 anos de amizade entre os dois países. Representa também a politização e o desvirtuamento na aplicação da lei, como já manifestado recentemente por um de seus co-autores, o deputado James McGovern”, diz a nota.

“Esse novo ataque à soberania brasileira não logrará seu objetivo de beneficiar aqueles que lideraram a tentativa frustrada de golpe de Estado, alguns dos quais já foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal. O Brasil não se curvará a mais essa agressão”, completa o Itamaraty.

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A nova sanção do governo Trump vem em resposta à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, já havia antecipado que a administração republicana anunciaria novas medidas contra o Brasil.

Sancionada pelo então presidente Barack Obama, em 2012, a Lei Magnitsky foi criada pelo Congresso dos Estados Unidos com o objetivo de punir autoridades estrangeiras envolvidas em violações de direitos humanos.

Inicialmente, a norma foi aplicada a nomes ligados ao governo russo, mas, a partir de 2017, passou a ser utilizada contra estrangeiros ligados à corrupção, crime organizado e outros fatores.

A legislação permite que o governo americano congele bens financeiros e impeça a entrada, em solo norte-americano, de pessoas envolvidas em práticas como tortura, assassinatos extrajudiciais e corrupção em larga escala.

Desde que foi adotada amplamente, abrangendo nomes de qualquer lugar do mundo, a lei já foi adotada em relação à mais de 650 pessoas.

Repórter de política em Brasília. Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), chegou na capital federal em 2021. Antes, foi editor-assistente no Poder360 e jornalista freelancer com passagem pela Agência Pública, portal UOL e o site Congresso em Foco.