O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lamentou neste domingo (21) a perda do líder da juventude conservadora Charlie Kirk em um evento em sua homenagem no estado do Arizona.
“Há menos de duas semanas, nosso país foi privado de uma das figuras mais brilhantes de nossa época”, declarou Trump diante da multidão. “Um gigante de sua geração e, acima de tudo, um marido devoto, pai, filho, cristão e patriota”, disse, referindo-se ao ativista de 31 anos, que morreu assassinado em 10 de setembro.
Milhares de americanos se reuniram neste domingo (21) no estado do Arizona para se despedir de Charlie Kirk, em um evento no qual o presidente Donald Trump e altos funcionários de seu governo prestaram homenagem a ele após seu assassinato na semana passada
Clima de tributo
O tributo gerou um nível extraordinário de atenção da mídia, comparado por alguns veículos até a um funeral de Estado, para o qual foi mobilizado um forte esquema de segurança.
Trump aguardou sua vez para se dirigir à multidão, ouvindo discursos do secretário de Estado Marco Rubio, do secretário de Defesa Pete Hegseth e de outros funcionários enquanto o evento se desenrolava.
“Achavam que poderiam matar Charlie Kirk? Eles o tornaram imortal”, disse o principal assessor de Trump, Stephen Miller. “Eles imortalizaram Charlie Kirk, e agora milhões darão continuidade ao seu legado.”
Entre outros oradores estavam a diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard; o secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr.; o comentarista conservador Tucker Carlson e outros funcionários do governo.
Ao sair da Casa Branca para voar ao Arizona, o presidente afirmou que o tributo tem como objetivo “celebrar a vida de um grande homem”.
No evento, Trump foi visto sentado ao lado do bilionário Elon Musk, cujo afastamento conturbado da Casa Branca após sua breve passagem pelo Departamento de Eficiência Governamental (Doge) não foi perceptível, enquanto ambos conversavam.
“Mártir”
Antes do amanhecer, milhares de pessoas faziam fila na esperança de entrar no estádio, com capacidade para 63 mil espectadores, onde se celebrava o serviço em homenagem ao líder conservador considerado um impulsionador da reeleição de Trump.
Muitos dos presentes vestiam roupas com as cores vermelho, branco e azul da bandeira americana ou bonés com o icônico slogan de Trump “Make America Great Again” (Façamos a América Grande de Novo).
“Eu o vejo como um mártir de Cristo, sem dúvida”, disse Monica Mirelez, uma texana de 44 anos que dirigiu 12 horas para assistir ao serviço.
Quem foi Kirk?
Kirk, de 31 anos, recebeu um tiro no pescoço em 10 de setembro enquanto falava em uma universidade de Utah como parte de sua popular série de debates públicos.
As autoridades prenderam um suspeito após 33 horas de busca, e a Promotoria solicitou a pena de morte no caso.
O assassinato do líder conservador, fundador do grupo juvenil de direita Turning Point USA, aprofundou ainda mais as acirradas divisões políticas nos Estados Unidos.
As autoridades afirmam que o suposto atirador, de 22 anos, citou como motivo de seu crime o "ódio” que, segundo ele, era alimentado por Kirk, que era um crítico mordaz das pessoas transgênero, dos muçulmanos e de outros.
Kirk utilizava seus milhões de seguidores nas redes sociais, a enorme audiência de seu podcast e suas aparições em universidades para impulsionar Trump entre os jovens e defender uma ideologia política nacionalista e cristã.
Mesmo antes de o suspeito ser identificado ou preso, Trump qualificou Kirk como “mártir da verdade e da liberdade” e culpou seu assassinato à retórica da “esquerda radical”.
Repressão do ‘terrorismo doméstico’
A viúva de Kirk, Erika Kirk, que assumirá a liderança da Turning Point USA, também falará ao público no estádio State Farm, em Glendale.
Em resposta ao assassinato, a Casa Branca anunciou na semana passada que adotaria medidas enérgicas contra o que chama de “terrorismo doméstico” por parte da esquerda.
Trump disse que designaria o movimento Antifa, uma difusa rede de ativistas de esquerda radical que se definem antifascistas, como “organização terrorista”.
O apresentador de televisão Jimmy Kimmel teve seu talk-show suspenso na quarta-feira, poucas horas após o governo ameaçar com ações legais devido aos seus comentários sobre o assassinato de Kirk.
As medidas geraram preocupação entre os críticos de Trump, que alertam sobre medidas para silenciar a dissidência durante seu mandato, marcado por retrocessos nas políticas de justiça social e por uma ofensiva contra a imigração que gerou denúncias generalizadas de abusos de direitos.