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Após ‘pausa tática’, ajuda humanitária começa a chegar na Faixa de Gaza

Primeiros caminhões atravessam a fronteira para aliviar a crise humanitária na região; suprimentos são enviados após relatos de desnutrição

Crianças palestinas passam fome na Faixa de Gaza, que está devastada devido ao conflito com Israel

Neste domingo (27), os primeiros caminhões com ajuda humanitária cruzaram a fronteira do Egito rumo à Faixa de Gaza, em meio à grave crise humanitária causada pela guerra que já dura mais de 21 meses. O envio dos suprimentos ocorre após o anúncio de uma “pausa tática” por parte de Israel em áreas específicas do território palestino, permitindo a circulação de caravanas com alimentos e medicamentos.

Imagens da AFP mostraram os veículos atravessando o lado egípcio do terminal de Rafah, mas sem entrar diretamente em Gaza, já que o posto de fronteira está fechado há mais de um ano. Os caminhões precisam seguir até a passagem israelense de Kerem Shalom para inspeção.

A pausa anunciada por Israel será diária, das 10h às 20h (horário local), nas áreas de Al Mawasi, Deir al Balah e Cidade de Gaza, onde não há operação ativa de tropas. Além disso, rotas humanitárias estarão liberadas das 6h às 23h para facilitar o deslocamento das organizações de ajuda. O Exército israelense também lançou ajuda aérea sobre o território e negou utilizar a fome como arma de guerra, rejeitando as críticas de que restringe a entrada de ajuda.

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Apesar disso, organizações como a ONU e ONGs humanitárias alertam para o risco iminente de uma fome em larga escala. Segundo a Oxfam, é necessário um “fluxo constante” de ajuda, e não apenas ações pontuais.

A situação no norte de Gaza é especialmente crítica: em Beit Lahia, moradores carregavam sacos de farinha entre escombros. A Jordânia anunciou o envio de 60 caminhões com 962 toneladas de alimentos para o posto de Zikim.

Reação internacional

Autoridades internacionais também se manifestaram. Tom Fletcher, diretor do Escritório de Assuntos Humanitários da ONU, comemorou a pausa tática, mas reforçou que é preciso garantir acesso contínuo.

O chefe do governo alemão, Friedrich Merz, pediu a Netanyahu a liberação rápida de suprimentos para os civis famintos. Já o diretor da UNRWA, Philippe Lazzarini, criticou os lançamentos aéreos de ajuda, classificando-os como caros, ineficazes e perigosos para civis famintos.

Israel sustenta que não impede a entrada de ajuda e culpa o Hamas por saques de carregamentos e má distribuição por parte das ONGs. No entanto, as organizações humanitárias afirmam que as restrições impostas por Israel dificultam severamente o acesso e a entrega dos suprimentos.

Neste domingo, as forças israelenses também interceptaram o barco “Handala”, da Flotilha da Liberdade, que tentava romper o bloqueio naval com ajuda para Gaza, e o levaram ao porto de Ashdod.

A guerra foi deflagrada após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.219 mortos em Israel, a maioria civis. Desde então, a ofensiva israelense já causou ao menos 59.821 mortes em Gaza, também majoritariamente civis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas — dados considerados confiáveis pela ONU.

Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.