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Papa Leão XIV já foi acusado de acobertar supostos abusos sexuais; Igreja nega

Tanto a Diocese quanto a Santa Sé negaram à época que ele teria acobertado denúncias contra dois sacerdotes do país andino

Papa Leão XIV foi eleito nesta quinta-feira (8) no Conclave

O papa Leão XIV, com nome de batismo de Robert Francis Prevost, eleito nesta quinta-feira (8) no Conclave com o voto de ao menos dois terços dos 133 cardeais votantes, já esteve no centro de uma acusação de omissão em relação a abuso sexual de menores enquanto era bispo e comandava a Diocese de Chiclayo, no Peru, em abril de 2022. Os casos vieram à tona no fim de 2024, quando a imprensa local divulgou os relatos das garotas.

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Tanto a Diocese quanto a Santa Sé negaram à época que ele teria acobertado denúncias contra dois sacerdotes do país andino. O Vaticano teria concluído que houve evidências insuficientes para acusar Prevost formalmente.

As acusações partiram de três jovens peruanas, que culpam o antigo cardeal de ter acobertado abusos sexuais que sofreram na Igreja Católica. De acordo com relatos da mídia local, as garotas teriam, ainda quando eram menores, em 2022, denunciado os abusos acusando dois padres, Eleuterio Vasquez Gonzalez e Ricardo Yesquen Paiva.

Ambos eram atuantes na diocese controlada por Prevost, e foram acusados pelas meninas de terem cometido abusos contra elas. Elas procuraram Prevost, a quem acusam de omissão. Uma delas chegou a encaminhar uma carta ao então papa Francisco detalhando as alegações.

De acordo com elas, Prevost “assumiu uma tendenciosa defesa em favor de padres acusados de abuso sexual infantil”. A Diocese de Chiclayo afirma que as vítimas foram atendidas pessoalmente pelo então bispo em abril de 2022 e que encaminhou, em julho daquele ano, as denúncias para a Santa Sé, que não teria encontrado elementos o suficientes para dar prosseguimento às investigações.

Autoridades peruanas também teriam investigado os casos, sem terem conseguido recolher evidências que sustentassem uma acusação contra o agora pontífice.

Vida no Peru

Robert Francis Prevost, de 69 anos, o papa Leão XIV, viveu e atuou por grande parte de sua vida no Peru como missionário da Igreja Católica, o que lhe deu o título de “pastor de duas pátrias”. Inclusive, o clérigo tem dupla nacionalidade.

Norte-americano, Prevost chegou ao Peru como um jovem missionário agostiniano e foi um dos cardeais mais próximos de Francisco.

O novo papa nasceu em 14 de setembro de 1955, em Chicago, e frequentou um seminário menor da Ordem de Santo Agostinho, em St. Louis como noviço, antes de se formar em matemática na Filadélfia.

Em 1985, o sacerdote se juntou aos agostinianos no Peru, para uma de suas primeiras missões no país. Ele retornou a Chicago em 1999, quando foi nomeado prior provincial dos agostinianos naquela região americana e, posteriormente, prior geral da ordem em todo o mundo.

Prevost retornou ao Peru em 2014, quando Francisco o designou administrador apostólico da Diocese de Chiclayo.

Quase uma década depois, ele se juntou à Cúria, substituindo o cardeal canadense Marc Ouellet, que foi acusado de agredir sexualmente uma mulher e renunciou devido à idade.

Então, o falecido pontífice também o nomeou presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina.

Jornalista pela UFMG, Lucas Negrisoli é editor de política. Tem experiência em coberturas de política, economia, tecnologia e trends. Tem passagens como repórter pelo jornal O Tempo e como editor pelo portal BHAZ. Foi agraciado com o prêmio CDL/BH em 2024.