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Empresário de criptomoedas arremata ‘banana colada na parede’ por R$ 35 milhões em Nova York; entenda

Comprador disse que pretende comer a banana, em breve. Termos da venda incluem um certificado de autenticidade e instruções sobre como substituir a fruta

Chefe de arte contemporânea da galeria considera a obra ‘profunda e provocativa’

O mundo dos leilões de obras de arte é sempre peculiar e, por vezes, nos parece desconectado da realidade com suas cifras milionárias. Mas, dessa vez, o espanto causado por uma determinada peça está correndo o mundo. É que a obra do artista conceitual italiano Maurizio Cattelan é de uma simplicidade desconcertante e atingiu uma cifra de difícil compreensão para nós, digamos, ‘pobres mortais”. Trata-se de uma banana (de verdade. Não é de plástico, cerâmica ou outro material qualquer) colada numa tela de fundo neutro com uma fita adesiva prateada.

A peça foi adquirida ontem (20) por US$ 6,2 milhões (R$ 35,8 milhões) por um empresário sino-americano, na casa de leilões da Sotheby’s, em Nova York. Sete compradores disputaram a peça intitulada “Comedian” (“Comediante”, em português). Em poucos minutos, o preço passou de US$ 800.000 para US$ 5,2 milhões - ou US$ 6,2 milhões somando comissões.

Ao final do evento, afamosa galeria informou, por meio de um comunicado, que o comprador era Justin Sun, fundador da plataforma de criptomoedas chinesa Tron.

“Isso não é apenas arte. Ela representa um fenômeno cultural que une os mundos da arte, dos memes e da comunidade de criptomoedas”, disse, empolgado, o empresário. Sereno, ele disse aos jornalistas que o cercaram na saída da Sotheby’s, que vai comer a bananacomo parte dessa experiência artística única, honrando seu lugar tanto na história da arte quanto na cultura popular”.

Em 2021, Justin, de 34 anos já havia chamado a atenção ao adquirir uma escultura de Alberto Giacometti, “The Nose”, por US$ 78,4 milhões (R$ 422 milhões em valores da época).

Mas porque a obra vale tanto?

De acordo com especialistas, a obra questiona a noção de arte e seu valor. Em 2019, quando foi apresentada ao mundo das artes pela primeira vez, outro artista a comeu para denunciar seu preço, que na época era de US$ 120.000 (R$ 472 mil). A cópia restante foi doada ao Museu Guggenheim de Nova York.

A Sotheby’s havia fixado o preço para a peça entre 1 milhão e 1, 5 milhão de dólares (entre 5,7 e 8,6 milhões de reais), mas a situação saiu do controle. Os termos da venda incluem um certificado de autenticidade e instruções sobre como substituir a fruta.

“Comedian” superou em valor outra obra notória leiloada, ‘Oval Office (Study)’, do ícone da Pop Art dos EUA, Roy Lichtenstein, que foi arrematada por 4,2 milhões de dólares (24 milhões de reais).

Ainda, por meio de nota, a Sotheby’s explicou que o objetivo do artista italiano - ao criar a obra - era criticar o conceito de arte e provocar reflexões sobre o consumismo, o mercado de arte e os valores que damos às coisas.

“Sua aparição inicial, (em 2019), atraiu multidões recordes, dividiu espectadores e críticos e causou tanto pandemônio que teve que ser removido do local antes do fim da exposição. Amplamente venerado e fortemente contestado - e comido não apenas uma, mas duas vezes - o trabalho foi manchete em diversos locais ao redor do mundo”, escreveu a Sotheby’s.

O chefe de arte contemporânea da galeria, David Galperin, a considera ‘profunda e provocativa’. Ele ressaltou ainda que o artista italiano abalou as fundações do mundo da arte e a levou ao centro da cultura popular dominante.

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Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.