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Furacão Milton: Meteorologista explica como fenômeno acontece e por que este é considerado ‘explosivo’

Autoridades vêm chamando o fenômeno de “catastrófico” e “mortal”, e já emitiu inúmeros alertas de evacuação para a população; furacão Milton está classificado na categoria 5 - a maior

Furacão Milton deve atingir a costa da Flórida na quarta-feira (9)

O estado da Flórida, nos Estados Unidos, se prepara para a chegada do furacão Milton nesta quarta-feira (9) - classificado na categoria 5, a mais forte da escala Saffir-Simpson. Isso significa que as cidades afetadas podem ter ventos acima de 265 quilômetros por hora. Autoridades vêm chamando o fenômeno de “catastrófico” e “mortal”, e já emitiu inúmeros alertas de evacuação para a população.

Em entrevista ao Itatiaia Agora, a meteorologista Anete Fernandes, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), explicou como o fenômeno é formado e por que as autoridades americanas pediram para que os moradores do estado deixem suas casas.

“O furacão sempre vai se formar em águas quentes. Então, sempre é na faixa tropical, em águas muito quentes. Como é um sistema que vem pelo oceano, esses ventos fortes num primeiro momento, antes de chegar à costa, causam um estrago forte. A partir do momento que ele chega em terra, a tendência é que ele decline. Mas, antes disso, ele vai se aproximando da costa e empurrando água em direção ao continente, por isso a evacuação. No primeiro momento, você tem inundações, antes da chegada da chuva propriamente dita”, esclareceu.

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Por que ‘Milton’ é chamado de furacão bomba?

A meteorologista afirma que um furacão, assim que começa a chegar perto da costa, pode causar ventos em torno dos 100 km/h. Segundo a previsão, o “Milton” chegará a Flórida com ventos de 265 km/h - o que o coloca na categoria mais alta do fenômeno.

“Por que ele é chamado de explosivo ou bomba? Porque em 24 horas, ele pulou da categoria 2 para a 5. Então, ele saiu de ventos de 150 km/h a 170 km/h, para ventos acima de 250 km/h. Por isso que ele é explosivo. Essa é a preocupação. Como ele evoluiu muito rápido, a tendência é que essa a população, principalmente em Tampa, na Flórida, já receba o aporte de água. Na sequência, vento e chuva. É muito preocupante. Eu não consigo imaginar a situação”, comenta Anete Fernandes.

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É possível ter furacão no Brasil?

O fenômeno mais forte já registrado no Brasil foi o ciclone extratropical Catarina, que atingiu o litoral Norte do Rio Grande do Sul e Sul de Santa Catarina em 2004. No entanto, o ciclone não chega nem perto do que será o furacão Milton nos Estados Unidos.

“Em 2004, nós tivemos o ciclone extratropical Catarina. Normalmente, toda frente que avança pelo Sul do país vem com um ciclone extratropical na retaguarda. Esse ciclone se desprendeu e veio em direção à costa, o que não é normal. Os ventos no sul do Brasil sopram do continente para o Oceano Atlântico, mas como a gente tinha uma pista de água quente, esse ciclone se desprendeu. Naquela época, foi mais ou menos 110 km/h. Para ser considerado furacão, é preciso ter a partir de 120 Km/h. Ventos de 110 km/h são considerados uma tempestade extratropical ou subtropical. O Catarina causou grandes transtornos, mas morreu pouca gente. Na época, ele foi o primeiro sistema que se desprendeu e veio em direção à costa”, disse.

Anete ainda explica que não é possível ter um furacão no Brasil. “Para você ter um furacão, tem que ter águas superficiais acima dos 27°C. Nós não vamos ter isso em latitudes mais baixas. Se a gente pensar em termos de Atlântico Norte e Atlântico Sul, o Atlântico Norte é muito mais largo. Então, a chance de ter um furacão no Hemisfério Sul é praticamente impossível”, garante.


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Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.