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Homem que sobreviveu a injeção de pena de morte é executado com gás nitrogênio, nos EUA

Alan Miller foi executado no Alabama, mesmo método sendo controverso e condenado pela ONU

Alan Miller, de 59 anos, foi executado por asfixia de nitrogênio em 26 de setembro de 2024 no Alabama.

Um prisioneiro foi executado pelo método de asfixia por gás nitrogênio nesta quinta-feira (26), no Alabama. Este é o segundo caso do tipo na história dos Estados Unidos. O estado utilizou o novo procedimento pela primeira vez, em uma execução realizada em janeiro deste ano.

Na asfixia por nitrogênio sofrida por Alan Miller, de 59 anos, nesta quinta, uma máscara foi colocada sobre a cabeça do preso, forçando a inalar nitrogênio puro. O método é controverso e condenado pela ONU. Segundo especialistas do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU), a asfixia por nitrogênio violaria a proibição de tortura e de outras penas cruéis, desumanas ou degradantes.

Na primeira tentativa, o homem sobreviveu a execução por injeção letal em 2022, que não deu certo porque enfermeiras não conseguiram encontrar uma veia do prisioneiro após mais de uma hora tentando. Miller foi sentenciado à morte após ser condenado por matar três homens durante tiroteios consecutivos no local de trabalho em 1999. Ele trabalhava com motorista de caminhão de entregas.

A polícia informou que, na manhã de 5 de agosto de 1999, Miller entrou na empresa e atirou em dois colegas de trabalho, de 28 e 32 anos. Depois, ele por 8 km até outra empresa, onde havia trabalhado anteriormente, e atirou em outro homem, de 39 anos.

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Uma testemunha no julgamento indicou que Miller estava paranoico e acreditava que seus colegas estavam espalhando rumores sobre ele.

Miller inicialmente se declarou inocente por motivo de insanidade, mas depois retirou a alegação. Um psiquiatra contratado pela defesa disse que ele era mentalmente doente, porém sua condição não era grave o suficiente para ser usada como base para uma defesa de insanidade, de acordo com documentos do tribunal.

Os jurados condenaram Miller após 20 minutos de deliberação e recomendaram por uma votação de 10 a 2 que ele recebesse a pena de morte.

Execução de Miller

O homem foi declarado morto às 18h30, pelo horário local. Ele tremeu e se contorceu na maca por cerca de dois minutos, com o corpo, às vezes, puxando contra as amarras. Depois, passou cerca de seis minutos com a respiração ofegante antes de ficar imóvel.

“Eu não fiz nada para estar aqui,” disse Miller em suas últimas palavras, que estavam, em certos momentos, abafadas pela máscara de gás com bordas azuis que cobria seu rosto.

Durante a execução, Miller também pediu a sua família e amigos para “cuidarem” de alguém, mas não ficou claro de quem ele estava falando.

Alan Miller foi o último dos cinco prisioneiros nos EUA que foram executados no intervalo de uma semana. O número é anormal e desafia uma tendência de anos de declínio, tanto no uso quanto no apoio à pena de morte.

Como funciona a asfixia por nitrogênio?

O Alabama é um dos três estados do país que permitem as execuções por inalação de nitrogênio, nas quais a morte ocorre por hipóxia, ou falta de oxigênio. A hipóxia por nitrogênio utiliza o gás nitrogênio puro, ou gás nitrogênio em concentrações mais altas, sendo suficiente para tirar a vida de uma pessoa que tenha inalado, assim causando asfixia.

Segundo uma ONG norte-americana, o procedimento é autorizado como método de execução em sete estados, incluindo Alabama, Mississippi e Oklahoma. Apesar disso, apenas esses três especificaram o uso de nitrogênio para execução, e apenas o Alabama publicou um documento formal com o protocolo de execução para hipóxia de nitrogênio.


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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.