Passados 25 anos desde a chegada do tenente-coronel Hugo Chávez ao poder, a população da Venezuela vai às urnas neste domingo (28) decidir se o ‘chavismo’ continuará hegemônico através de seu sucessor e herdeiro político, Nicolás Maduro, ou se é chegada a vez da oposição assumir os rumos da nação.
As eleições que podem marcar o fim de uma era no país vizinho ao Brasil acontecem sob forte desconfiança internacional sobre o processo eleitoral, especialmente após a promessa de um
Opositor é o favorito
O principal adversário de Maduro é
Urrutia, que lidera as pesquisas independentes de intenção de voto, foi alçado à disputa de última hora após a ex-deputada María Corina Machado ter sido impedida de registrar sua candidatura graças a uma manobra política da Suprema Corte, controlada pelo grupo governista.
O diplomata faz parte da Plataforma Democrática Unitária (PUD), aliança que reúne os principais partidos e líderes da oposição na
Em seu discurso, Urrutia defende questões sensíveis ao governo de Maduro, como o retorno dos mais de 7 milhões de venezuelanos que deixaram o país e a recuperação da economia. Sob o comando de Maduro, mais da metade da população vive abaixo da linha da pobreza e a inflação em 2023 chegou a marca de 189%.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro
Chavismo ainda é forte
Apesar da pressão crescente sobre Nicolás Maduro e seu controverso regime, o presidente chega a sua segunda disputa eleitoral ainda com plenos poderes sobre a estrutura do estado.
Desde 2021, o governo tem o controle sobre a Assembleia Nacional, o que faz com que Maduro tenha sob seu controle todas as instituições da Venezuela - incluindo o Judiciário e as Forças Armadas.
O controle estatal sobre todas as instituições agrava o cenário de incertezas sobre as eleições, ainda mais quando somada a preocupação com as últimas eleições disputadas no país.
Na primeira disputa em que Maduro tentou a reeleição, em 2018, a votação foi alvo de críticas e acusações de fraude, o que fez com que o resultado não fosse reconhecido por Estados Unidos, União Europeia e governos latino-americanos, como da Argentina e do Brasil.
Em outro pleito recente, dessa vez para decidir sobre a anexação do território de Essequibo, em 2023, o governo anunciou que mais de 10 milhões de eleitores votaram de forma favorável a proposta, apesar das cenas de locais de votação vazios e a recusa do conselho eleitoral em divulgar as contagens dos comprovantes de papel, segundo a agência Associated Press.
Urrutia concorre com Maduro
Como vai funcionar a eleição
Diferentemente do Brasil, a eleição na Venezuela conta com o uso da urna eletrônica e da cédula de papel. Depois, o voto é impresso em papel e o eleitor pode conferir se ele está correto. Por último, ele deposita o voto impresso em outra urna. A novidade é que neste ano, o processo será acompanhado pela oposição, que registrou observadores para todas as mais de 30 mil mesas eleitorais do país.
Ao todo, mais de 20 milhões de pessoas estão aptas a votar neste domingo. No entanto, o voto na Venezuela não é obrigatório.
As eleições venezuelanas também vão contar com observadores independentes nacionais e internacionais. Entre as instituições nacionais, estão a Rede de Observação Eleitoral Assembleia de Educação (ROAE), a Fundação Projeto Social, a Associação Venezuelana de Juristas e o Centro Internacional de Estudos Superiores.
O Brasil, que já demonstrou preocupação com a realização do pleito, desistiu de enviar observadores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) depois que Nicolás Maduro declarou que o sistema eleitoral brasileiro não seria auditável.
O único representante do governo brasileiro será o assessor internacional da Presidência da República, o embaixador Celso Amorim.