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Sob desconfiança internacional, Venezuela vai às urnas em disputa presidencial neste domingo

Eleitores locais vão às urnas definir se mantém Nicolás Maduro no poder ou se promovem mudança no governo após 25 anos

Nicolás Maduro e Edmundo González Urrutia

Passados 25 anos desde a chegada do tenente-coronel Hugo Chávez ao poder, a população da Venezuela vai às urnas neste domingo (28) decidir se o ‘chavismo’ continuará hegemônico através de seu sucessor e herdeiro político, Nicolás Maduro, ou se é chegada a vez da oposição assumir os rumos da nação.

As eleições que podem marcar o fim de uma era no país vizinho ao Brasil acontecem sob forte desconfiança internacional sobre o processo eleitoral, especialmente após a promessa de um ‘banho de sangue’, caso o governante que está no poder há 13 anos não seja reeleito.

Opositor é o favorito
O principal adversário de Maduro é Edmundo González Urrutia, diplomata aposentado de 74 anos sem experiência na política.

Urrutia, que lidera as pesquisas independentes de intenção de voto, foi alçado à disputa de última hora após a ex-deputada María Corina Machado ter sido impedida de registrar sua candidatura graças a uma manobra política da Suprema Corte, controlada pelo grupo governista.

O diplomata faz parte da Plataforma Democrática Unitária (PUD), aliança que reúne os principais partidos e líderes da oposição na Venezuela.

Em seu discurso, Urrutia defende questões sensíveis ao governo de Maduro, como o retorno dos mais de 7 milhões de venezuelanos que deixaram o país e a recuperação da economia. Sob o comando de Maduro, mais da metade da população vive abaixo da linha da pobreza e a inflação em 2023 chegou a marca de 189%.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro

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Chavismo ainda é forte
Apesar da pressão crescente sobre Nicolás Maduro e seu controverso regime, o presidente chega a sua segunda disputa eleitoral ainda com plenos poderes sobre a estrutura do estado.

Desde 2021, o governo tem o controle sobre a Assembleia Nacional, o que faz com que Maduro tenha sob seu controle todas as instituições da Venezuela - incluindo o Judiciário e as Forças Armadas.

O controle estatal sobre todas as instituições agrava o cenário de incertezas sobre as eleições, ainda mais quando somada a preocupação com as últimas eleições disputadas no país.

Na primeira disputa em que Maduro tentou a reeleição, em 2018, a votação foi alvo de críticas e acusações de fraude, o que fez com que o resultado não fosse reconhecido por Estados Unidos, União Europeia e governos latino-americanos, como da Argentina e do Brasil.

Em outro pleito recente, dessa vez para decidir sobre a anexação do território de Essequibo, em 2023, o governo anunciou que mais de 10 milhões de eleitores votaram de forma favorável a proposta, apesar das cenas de locais de votação vazios e a recusa do conselho eleitoral em divulgar as contagens dos comprovantes de papel, segundo a agência Associated Press.

Urrutia concorre com Maduro

Como vai funcionar a eleição
Diferentemente do Brasil, a eleição na Venezuela conta com o uso da urna eletrônica e da cédula de papel. Depois, o voto é impresso em papel e o eleitor pode conferir se ele está correto. Por último, ele deposita o voto impresso em outra urna. A novidade é que neste ano, o processo será acompanhado pela oposição, que registrou observadores para todas as mais de 30 mil mesas eleitorais do país.

Ao todo, mais de 20 milhões de pessoas estão aptas a votar neste domingo. No entanto, o voto na Venezuela não é obrigatório.

As eleições venezuelanas também vão contar com observadores independentes nacionais e internacionais. Entre as instituições nacionais, estão a Rede de Observação Eleitoral Assembleia de Educação (ROAE), a Fundação Projeto Social, a Associação Venezuelana de Juristas e o Centro Internacional de Estudos Superiores.

O Brasil, que já demonstrou preocupação com a realização do pleito, desistiu de enviar observadores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) depois que Nicolás Maduro declarou que o sistema eleitoral brasileiro não seria auditável.

O único representante do governo brasileiro será o assessor internacional da Presidência da República, o embaixador Celso Amorim.


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Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio