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Moradores fazem protesto após morte de homem em confronto com PM

Populares do bairro Chiquinho Guimarães interditaram dois trechos da Avenida Manuel Caribé Filho com materiais em chamas nesta quarta-feira (25)

Viaturas da Polícia Militar no local do protesto

Moradores do bairro Chiquinho Guimarães, em Montes Claros, realizaram um protesto na noite desta quarta-feira (25) após a morte de um homem em confronto com a Polícia Militar na noite anterior. Eles interditaram dois trechos da Avenida Manuel Caribé Filho com materiais em chamas, em manifestação contra a ação policial. A Polícia Militar informou que o 50º Batalhão irá convocar a imprensa para prestar esclarecimentos sobre o caso.

Durante a manifestação, nossa equipe esteve no local para acompanhar os desdobramentos. Moradores, que preferiram não se identificar, contestaram a versão oficial apresentada pela PM e alegaram que o homem foi executado. Uma moradora relatou que conhecia o rapaz desde a infância e afirmou que ele não estava armado. “Eu conheço esse rapaz desde os cinco anos de idade. Sou moradora aqui desde 2000. Ele devia à Justiça, mas não estava armado, não tinha droga com ele. Quando viu a polícia, correu, e mesmo assim atiraram nele. Falaram que deram mais de 20 tiros. Foi execução”, disse.

De acordo com a Polícia Militar, a operação foi realizada por uma equipe do Grupo Especializado em Recobrimento (GER), após denúncia anônima de que um homem, foragido da Justiça, estaria armado e recolhendo dinheiro do tráfico de drogas na comunidade. Durante a tentativa de abordagem, o suspeito fugiu por becos e ruas do bairro, chegou a tomar a bicicleta de um morador e entrou em uma área de mata. Segundo a PM, ele atirou contra os militares, que revidaram. Ferido, foi socorrido com vida, mas morreu ao dar entrada na Santa Casa.

No local da ocorrência, os policiais apreenderam drogas e uma chave de veículo. Em diligência complementar, localizaram um carro usado pelo homem, contendo 45 pinos de substância semelhante à cocaína, 10 papelotes da mesma substância, 19 pedras semelhantes ao crack e um celular. A PM informou que o suspeito possuía mandado de prisão em aberto e era investigado por homicídios ligados ao tráfico de drogas, incluindo a morte de familiares.

Durante o protesto, os policiais que estavam no local não estavam autorizados a falar com a imprensa. No entanto, conforme as informações oficiais recebidas e atualizadas sobre os fatos, a corporação reforçou que os procedimentos adotados na operação seguiram os protocolos legais e que os detalhes da ocorrência serão apresentados oficialmente em coletiva de imprensa agendada pelo 50º Batalhão.

Outros moradores, que também não quiseram se identificar, relataram medo diante da atuação policial na comunidade. “Todo mundo está com medo, chorando. A polícia está batendo, espancando. Depois que a gente sai daqui, vão querer pegar a gente no pau. Isso não é trabalho, é terror”, declarou um deles. Segundo relatos, familiares de moradores já teriam sofrido agressões durante ações policiais.

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A comunidade afirmou que a manifestação, que incluiu a queima de materiais na avenida, foi um apelo por justiça e socorro. “A gente colocou fogo para chamar a atenção, porque ninguém ouve a favela. Foi um pedido de socorro. Tem gente com medo de sair de casa. A comunidade está assustada”, desabafou outro morador.

A Polícia Militar permaneceu no local durante a manifestação para garantir a segurança. As vias foram liberadas ainda na noite de terça-feira e não houve registro de novos confrontos.

Jornalista formada pelas Faculdades Integradas do Norte de Minas (Funorte) em 2017, com ampla experiência em comunicação integrada. Atua na produção de reportagens, assessoria de comunicação, marketing, edição de vídeo e conteúdo audiovisual. Já atuou em rádio, TV, portais de notícia, mídias sociais, impresso e diário digital, além de prestar serviços como freelancer em projetos diversos. Com perfil versátil e estratégico, desenvolve pautas com linguagem acessível, credibilidade e foco na informação que conecta e transforma.