Um técnico de enfermagem foi indiciado por lesão corporal culposa no caso da estudante de medicina Larissa Carvalho, que ficou em estado vegetativo após uma cirurgia ortognática realizada em março de 2023. O nome dele não foi divulgado pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG).
Os advogados da família estão, nesta terça-feira (19), na Delegacia de Polícia Civil de Juiz de Fora em busca de mais elementos sobre o inquérito que investiga o caso.
A conclusão foi divulgada nesta segunda (18), que não identificou erro médico no procedimento cirúrgico, mas apontou falhas no atendimento prestado pela equipe de enfermagem durante o transporte da paciente. Segundo informações repassadas pelo pai da vítima, ela segue em tratamento domiciliar, em estado de consciência mínima.
A Itatiaia entrou em contato com a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, que informou que não poderia comentar o caso fora dos autos judiciais (confira abaixo). Além disso, não foram informados os dados sobre o técnico de enfermagem indiciado, o que impossibilitou os dados da defesa. O espaço segue aberto.
Investigações
Segundo a PCMG, as investigações apontaram que, após a cirurgia, a paciente sofreu uma parada cardiorrespiratória em algum momento do intervalo de aproximadamente 17 minutos em que esteve sob a responsabilidade do investigado, enquanto era conduzida até o quarto. Durante esse período, a vítima não recebeu a atenção e as intervenções adequadas, o que contribuiu diretamente para o agravamento do quadro clínico.
Ainda segundo a investigação, a vítima somente recebeu os primeiros atendimentos de reanimação ao chegar ao quarto, quando outro profissional percebeu a situação e iniciou, de imediato, os procedimentos de socorro. A paciente recuperou a consciência, mas sofreu sequelas neurológicas graves atribuídas ao tempo prolongado da parada cardiorrespiratória.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Luciano Vidal, a conclusão do inquérito deixa claro que houve falha técnica relevante na condução da paciente, configurando crime previsto em lei. O laudo pericial foi emitido pelo Instituto Médico Legal Dr. André Roquette, em Belo Horizonte.
Ação da família
A Itatiaia falou com o pai de Larissa, Ricardo Moraes e com os advogados Fábio Timponi, que cuida da esfera cível, e Pedro Paulo Lelis, no âmbito criminal. Os profissionais buscam mais elementos no processo, sobretudo qual seria a causa da parada cardiorrespiratória. Ainda segundo os advogados, tramita, sob sigilo, uma ação cível que responsabiliza o cirurgião, o anestesista e a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora. Eles afirmam também que três peritos, com atuação em São Paulo e Brasília, foram contratados por familiares.
A Polícia Civil reforçou que o inquérito não investigou apenas “erro médico”, mas também o que teria ocorrido com a paciente que tenha resultado na condição na qual ela se encontra hoje. Sobre a causa da parada cardiorrespiratória, a polícia informou que pode ocorrer quadro de broncoaspiração e que a paciente estava na posição indicada para o caso, com a maca em 45º.
Nota do hospital
Em nota, a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora informou que possui rigorosos protocolos de segurança do paciente, respaldados por certificações de excelência da Organização Nacional de Acreditação (ONA) e pela norma internacional ISO 9001.
Ainda segundo a nota, “A apuração dos fatos acontece judicialmente, em ação que corre sob sigilo e, em respeito ao processo legal, às partes envolvidas e à Justiça, o hospital não pode dar detalhes sobre o caso fora dos autos judiciais”.
O hospital lamenta e expressou solidariedade à paciente e a família, reafirmando nosso compromisso com a transparência e com a qualidade assistencial.