Ouvindo...

Justiça nega habeas corpus a acusada de agiotagem e extorsão em Juiz de Fora

Defesa alegou que ela é mãe de uma criança. Maioria dos desembargadores negou o pedido.

A 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais negou pedido de liberdade a uma mulher acusada de agiotagem e extorsão. As investigações são conduzidas na Comarca de Juiz de Fora.

Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), ela foi presa no ano passado, durante a “Operação Gênesis 3:19" sob a suspeita de participação em uma organização criminosa que praticava os crimes para garantir o recebimento dos empréstimos. Ela impetrou habeas corpus pleiteando a liberdade provisória, alegando que tem uma filha de 10 anos e que a prisão preventiva não se justificava.

Os argumentos foram acolhidos pelo relator da apelação, desembargador Sálvio Chaves. No entanto, o magistrado foi vencido no julgamento. Prevaleceu o entendimento do desembargador Paulo Calmon Nogueira da Gama. Ele considerou que a organização comandada pelo pai da acusada emprestava dinheiro em quantias acima do permitido, a juros exorbitantes, e cobrava os valores se utilizando de ameaças de morte e retirando bens das casas das vítimas de forma violenta.

Diante disso, o desembargador entendeu que a liberdade da mulher pode causar risco à sociedade e à investigação criminal. Além disso, ele afirmou haver indícios de que ela integra “uma intrincada associação criminosa com atuação na região dos fatos e que vem atuando de forma incisiva, organizada e causando desestabilização social”.

Ainda de acordo com o magistrado, o grupo criminoso cobrava juros que chegavam a 60% ao mês.

Operação Gênesis 3:19

Três membros de uma mesma família - um homem de 54 anos, a filha dele, de 28 anos, e o marido dela, de 31 anos - foram presos em 11 de junho de 2024 suspeitos de movimentar R$ 2 milhões com agiotagem em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. A quadrilha ameaçava seus ‘clientes’ e, em um áudio obtido pela Polícia Civil, uma das envolvidas chega a definir a data em a pessoa seria morta caso não quitasse a dívida.

A investigação que começou no início de 2024 apurou que a quadrilha atuava com serviços de agiotagem em Juiz de Fora desde 2020, especialmente no bairro São Geraldo. O grupo teria movimentado cerca de R$ 2 milhões, cobrando juros exorbitantes de até 60% aos seus clientes. A taxa exigida tornava a dívida praticamente impagável e, por conta disso, os suspeitos tinham o costume de ameaçar violentamente quem devia a eles.

Além da prisão dos suspeitos, os policiais apreenderam cinco veículos, dinheiro, arma de fogo, munição e documentos da contabilidade da quadrilha. Também foi pedido o bloqueio de várias contas dos suspeitos. ‘Entre veículos, imóveis e contas bloqueadas, o patrimônio atingido chega a cerca de 10 milhões de reais’, disse na época o delegado Marcos Vignolo à imprensa.

Leia também

Désia Souza é jornalista pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), onde também cursou pós graduação em “Mídia e Cidadania” e mestrado em “Comunicação e Poder”. É coordenadora de jornalismo na Itatiaia Juiz de fora, onde também atua como âncora e repórter.