Há mais de 25 anos na capital mineira, o Alguidares se tornou uma referência quando o assunto é boa comida e, principalmente, boa comida baiana. Morando em Minas Gerais há quase três décadas, a chef Deusa Prado, que comanda a casa, é natural de Feira de Santana, na Bahia, mas já se sente uma verdadeira mineira.
Primeiro restaurante de comida baiana em Belo Horizonte, o Alguidares traz a baianidade para Minas através dos pratos, dos detalhes nas paredes e dos trajes típicos dos atendentes. O foco é tanto que, à época da inauguração, Deusa recrutou uma equipe de funcionários baianos para trabalhar no restaurante, e que foram sucedidos pelos filhos, agora mineiros.
Uma das principais preocupações da chef é a adaptação das receitas baianas para o paladar “exigente” dos mineiros, que, aliás, a levou a mudar até o modo de preparo do arroz. A preparação mais simples não é injustificada, mas um jeito de destacar um dos pratos principais da casa: a moqueca.
“Dei uns toques nas receitas baianas. Mineiro não gosta muito de dendê, então já tem essa parcimônia. Coentro também, que tem um sabor forte, mas a gente cozinha com ele”, detalha. “Tive que fazer arroz com alho, porque a gente não come arroz refogado. Na Bahia, se cozinha o arroz na água, escorre e joga água fria, porque o arroz não é para ter tempero, mas para completar o caldo da moqueca”, explica.
No Alguidares, a moqueca é entregue em múltiplas versões: de peixe, lagosta e, para os veganos, de coco com banana da terra. Apesar disso, é a moqueca de camarão que rouba os holofotes, conquistando o público e o título de mais vendido em um menu de peso - os acarajés são, definitivamente, de comer rezando.
E a receita faz jus ao sucesso. Ao provar o prato, a sensação é de ser transportado até a beira de uma praia baiana. A textura macia do camarão contrasta com o caldo saboroso e generoso da moqueca em uma combinação deliciosa. Ela é servida com arroz branco, farofa de dendê e pirão, que complementam o sabor e elevam a preparação.
Um suco natural de umbu, fruto tradicional baiano, é servido bem gelado, agregando um sabor azedinho à suavidade da moqueca. Para a sobremesa, que não pode faltar, a cocada pelourinho - preta ou branca - é imperdível, bem macia.
Apelidada em homenagem à uma das musas de Jorge Amado, Dona Flor, a moqueca não tem segredo apesar do preparo zeloso, e pode ser recriada em casa. A chef Deusa Prado detalhou a criação que conquista clientes do Alguidares há quase três décadas – confira a seguir:
Receita | Moqueca de camarão - Dona Flor, da chef Deusa Prado do Alguidares
Ingredientes
300 g de camarão descascado;
2 tomates cortados em fatias;
½ cebola cortada em fatias;
300 ml de suco de tomate (2 tomates com casca e 1 cebola sem casca batidos no liquidificador);
250 ml de leite de coco;
100 ml de leite de vaca;
30 ml de azeite de dendê;
Sal, cebolinha e coentro a gosto.
Modo de preparo
Bata dois tomates com casca e uma cebola sem casca no liquidificador e reserve a mistura;
Fatie os tomates e a cebola;
Coloque os tomates cortados, a cebola cortada, o suco de tomate, o leite de coco, o leite de vaca, o azeite de dendê, sal, cebolinha e coentro a gosto na panela e deixe ferver;
Acrescente os camarões temperados com sal e pimenta e mexa por cerca de 5 minutos;
Sirva acompanhado de arroz branco.
(Sob supervisão de Lara Alves)