Após mais de uma década longe dos holofotes, o lendário ninja Joe Musashi retorna em Shinobi: Art of Vengeance, novo capítulo desenvolvido pela Lizardcube e publicado pela SEGA. O game marca a volta de uma das franquias mais icônicas da história dos videogames — e faz isso com estilo, ritmo e uma execução impecável.
A narrativa de Art of Vengeance é simples, mas cumpre bem seu papel: a corporação ENE, liderada pelo vilão Lord Ruse, destrói o vilarejo de Musashi e aniquila seu clã, o Oboro. O protagonista parte, então, em uma jornada de vingança, enfrentando exércitos mecanizados, mutantes e demônios em uma sequência de fases cheias de ação e variedade.
O enredo não tenta reinventar a roda — e nem precisa. Ele serve como combustível para uma aventura que aposta mais no controle preciso, nas lutas intensas e na ambientação visual do que em grandes reviravoltas narrativas.
Shinobi: Art of Vengeance
Combate técnico e fluido
A essência do novo Shinobi está no combate. A Lizardcube acertou em cheio ao criar um sistema que combina fluidez e profundidade, permitindo que o jogador encadeie ataques leves e pesados, use combos aéreos e finalize inimigos com movimentos especiais dignos de um anime de ação.
Musashi conta com um arsenal variado: sua clássica katana, kunais, habilidades Ninpo e os poderosos Ninjutsus — golpes especiais que podem curar o personagem ou eliminar todos os inimigos em tela. Tudo é pensado para oferecer ritmo e impacto: cada golpe pausa brevemente o tempo, reforçando a sensação de força e precisão.
Shinobi: Art of Vengeance
O jogo exige estratégia. Avançar sem pensar resulta em derrotas rápidas, mas dominar o espaço e explorar os padrões dos inimigos transforma o jogador em uma verdadeira máquina ninja. Chefes exigem atenção e adaptação, variando de demônios colossais a guerreiros equipados com escudos e armaduras futuristas.
Um espetáculo visual e sonoro
Visualmente, Art of Vengeance é um deslumbre. O estúdio francês Lizardcube, conhecido por Streets of Rage 4, leva sua estética 2D a um novo patamar. Os cenários variam de mercados urbanos a desertos e laboratórios subterrâneos, todos desenhados à mão com um detalhamento impressionante.
A direção de arte mistura influências japonesas e europeias, criando um estilo único que remete aos quadrinhos, mas com pinceladas orientais que dão vida a cada ambiente. Mesmo em meio ao caos das batalhas, é difícil não se perder admirando o fundo das fases.
A trilha sonora acompanha esse cuidado. Misturando batidas eletrônicas e instrumentos tradicionais japoneses, ela dita o ritmo das lutas e reforça a tensão em cada encontro. É um trabalho sonoro de primeira, que gruda na cabeça e eleva a experiência a outro nível.
Shinobi: Art of Vengeance
Progressão e exploração
Apesar de linear, o jogo incentiva a exploração. Cada fase traz caminhos alternativos, segredos e objetivos secundários, recompensando o jogador com novos ataques, amuletos e habilidades que podem ser usados em combates futuros.
A curva de aprendizado é um dos maiores méritos de Art of Vengeance. As mecânicas são introduzidas de forma gradual, e o jogador sente uma evolução constante, tanto em poder quanto em domínio técnico. Ao revisitar fases antigas com novas habilidades, o sentimento de progresso é real e recompensador.
Shinobi: Art of Vengeance
Duração enxuta, mas intensa
A campanha principal dura cerca de oito horas, dependendo do ritmo de cada jogador. É o suficiente para apresentar tudo o que o game tem a oferecer sem se tornar repetitivo. Após o final, modos extras como Boss Rush e Arcade mantêm o desafio vivo, testando reflexos e precisão.
Se há algo a apontar, é a leve inconsistência entre o design futurista de alguns inimigos e o tom tradicional japonês do jogo — uma mistura que nem sempre convence. Mas esse detalhe passa longe de comprometer o conjunto.
Shinobi: Art of Vengeance
Conclusão
Shinobi: Art of Vengeance é uma aula de como revitalizar uma franquia clássica sem perder sua essência. A Lizardcube entrega um dos melhores jogos de ação 2D recentes, equilibrando nostalgia e modernidade com maestria.
Com gameplay afiado, direção de arte exuberante e trilha sonora marcante, o retorno de Joe Musashi é tudo o que os fãs poderiam esperar e mais um lembrete de que os ninjas ainda têm lugar de destaque no mundo dos games.
Em suma, o jogo é um retorno espetacular: ágil, desafiador e visualmente deslumbrante. Um tributo moderno a um clássico da SEGA. Nota: 4,5/5