O Dr. Ricardo Cury, advogado de Augusto Melo, expôs, na tarde desta sexta-feira (23), sua visão a respeito do
O Dr. Ricardo Cury viu falta de consistência e ausência de provas que possam incriminar Augusto Melo no relatório da Polícia Civil.
“Nós examinamos nessa madrugada o relatório final do inquérito, que tem mais de 100 páginas. Em relação ao presidente Augusto, não tem nada no inquérito. Não tem uma prova sequer que implique o presidente Augusto. Não tem nada, nada, nada”, disse.
O advogado também questionou a finalização do relatório na última quinta-feira (22), poucos dias antes da votação do impeachment de Augusto no Conselho Deliberativo. Dr. Cury reforçou que o inquérito segue aberto, inclusive, já que a situação de Yun Ki Lee, ex-diretor jurídico, ainda será avaliada. O advogado pediu habilitação nos autos, e o pedido ainda está sendo apreciado pela Polícia.
“Nos surpreendeu a divulgação do relatório final na antevéspera do julgamento de segunda-feira. Nós tínhamos informado desde o dia 13 de maio ao delegado Tiago que Romeu tinha convocado a reunião para o dia 26. Nos surpreendeu porque no relatório que já vazou, o próprio delegado diz que em relação a uma específica pessoa ele não se manifestaria naquele momento por conta de um pedido de habilitação de seu advogado, que está pendente pela juíza Márcia, que acompanha a evolução do inquérito. Se ele aguarda a habilitação deste colega, nos surpreendeu a divulgação do inquérito nesta quinta”, comentou Dr. Cury.
“O indiciamento não é condenação de ninguém. É feito unilateralmente por apenas uma pessoa. O delegado titular do inquérito. No inquérito, a defesa não se manifesta. Isso só acontece no processo, se ocorrer. Ele é feito secretamente, apesar dos vazamentos seletivos que ocorreram nesse caso. Ele é feito de maneira unilateral e não afeta a presunção de inocência. A presunção de inocência é uma conquista civilizatória, de todos nós. Está expressa na constituição”, finalizou.
Augusto reforçou que vai provar sua inocência na Justiça e aproveitou para destacar pontos que considera positivos na sua gestão. O presidente corintiano enfrentará uma votação de impeachment na próxima segunda-feira (26), no Conselho Deliberativo, também referente ao caso VaideBet.
“Não passa pela minha cabeça renunciar. Não devo nada. Esse foi um grande contrato. Se tiver algum problema, a Justiça vai deixar claro mais para frente. Não tenho envolvimento nenhum nisso. Eu, mais do que ninguém, quero essa investigação. Estou muito tranquilo, mesmo porque minha vida é transparente, honesta. Tenho uma vida familiar maravilhosa, não tenho vícios. Venho trabalhando incansavelmente pelo Corinthians. Não há ninguém mais corintiano ali do que eu”, disse Augusto Melo.
Em determinado momento, o presidente corintiano se irritou ao ser questionado sobre a credibilidade de sua gestão e as promessas de campanha que não teriam sido cumpridas.
“Por que você não me dá os parabéns pelo contrato que fiz com a TV? Do dinheiro que vamos receber a mais? Por que não me dá os parabéns pelo aumento de patrocínios? A gente teve coragem de fazer isso com o Corinthians. O presidente da Live Mode me parabenizou, disse que nunca tinha negociado com alguém tão sério”, completou.
Entenda o caso
Na noite da última quinta-feira (22),
Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo, Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing, e Alex Fernando André, apontado como intermediário, foram indiciados pelos mesmos crimes. Já a situação de Yun Ki Lee, ex-diretor jurídico, ainda será avaliada. O advogado pediu habilitação nos autos, e o pedido ainda está sendo apreciado pela Polícia.
Um relatório da Polícia Civil de São Paulo, produzido pela 3ª Delegacia do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), revelou detalhes de uma investigação complexa sobre o contrato milionário de patrocínio entre o Corinthians e a empresa de apostas VaideBet. A apuração expõe uma teia de contradições, suspeitas de fraude, falsificação de documentos, transferências milionárias suspeitas e tentativas de ocultação de responsabilidades.
Votação do impeachment de Augusto
Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, definiu que a nova reunião para votar o afastamento de Augusto Melo por conta do caso VaideBet será no dia 26 de maio (segunda-feira), a partir das 18 horas (de Brasília), no salão nobre do Parque São Jorge.
Apesar da decisão, cabe lembrar que o processo de impeachment não tem relação com o desenrolar dos trabalhos da polícia. Os conselheiros só podem avaliar infrações estatutárias, e não criminais.