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Sem candidatura confirmada, Pablo Marçal já gastou R$ 551 mil em campanha à Presidência

Coach diz que candidatura está mantida, mas ela deverá ser julgada pelo TSE; empresário diz que não usará fundo eleitoral

Pablo Marçal é coach e influenciador digital e declarou R$ 96 milhões em bens

O influenciador e coach Pablo Marçal, filiado ao Pros, é o candidato que mais gastou dinheiro do próprio bolso em sua campanha à Presidência da República. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o empresário já investiu R$ 551 mil apenas nos seis primeiros dias de campanha - que começou, oficialmente, no dia 16 de agosto. Em declaração de bens enviada ao TSE, Marçal disse possuir R$ 96 milhões em bens.

A situação é inusitada já que Marçal sequer sabe se será mesmo candidato à Presidência, já que sua candidatura deve ser definida pela Justiça Eleitoral. O candidato apresentou os documentos para a sua candidatura dentro do prazo determinado pelo TSE, no entanto, graças a diversas mudanças na direção do partido, o Pros decidiu integrar a chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

De acordo com sua campanha, Marçal “não usará o fundo eleitoral que o Pros tem direito para se tornar conhecido em todo o território nacional” e que usará recursos próprios e doação de apoiadores.

Além dos R$ 551 mil em recursos do próprio candidato, a campanha conta com mais R$ 485.051,91 em recursos já arrecadados. A maior parte desses valores, R$ 449 mil foram doados pelo empresário e colega de Pablo Marçal, Marcos Paulo de Oliveira.

Questionada sobre a indefinição sobre a situação do Pros nas eleições deste ano, a campanha de Pablo Marçal informou à reportagem que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que reconduziu Eurípedes Júnior à presidência do Pros, “não interfere na candidatura”.

“A decisão do STF é atinente apenas à questão relativa ao conflito de competência judicial para tratar da dissidência partidária - se justiça comum (STJ) ou justiça eleitoral (TSE), tendo-se entendido que por tratar matéria eleitoral no período das eleições, a competência fica com a justiça eleitoral, embora o conflito tenha se instaurado ainda em 2020", informou em nota oficial.

Ainda de acordo com a campanha, a cndidatura de Pablo Marçal passa pelo crivo da análise quanto ao atendimento das exigências legais e partidárias de prazos, realização de convenção nacional para lançamento de seu nome ao cargo majoritário e demais requisitos legais, os quais encontram-se completamente atendidos”.

A legalidade ou não da candidatura de Pablo Marçal, no entanto, será definida pelo TSE até o dia 12 de setembro, prazo máximo que a Justiça Eleitoral tem para julgar as candidaturas apresentadas. Até o momento, somente Sofia Manzano (PCB) e Vera Lúcia (PSTU) tem as candidaturas confirmadas pelo Tribunal.

Quem é Pablo Marçal?

Coach e influenciador digital, Pablo Marçal tem 2,3 milhões de seguidores no Instagram e foi definido candidato à Presidência da República pelo Partido Republicano da Ordem Social (PROS) após uma batalha judicial nos bastidores da legenda. Ele tem 35 anos de idade, é casado, pai de quatro filhos e se define como “empresário, investidor e escritor” e vende cursos motivacionais e de autoajuda pela internet, cujo preço pode chegar a R$ 3 mil.

Essa é a primeira vez que Pablo Marçal se candidata a um cargo público e, em diversas entrevistas, ele define sua candidatura como "única via” possível, rechaçando Bolsonaro, Lula e os candidatos da chamada “terceira via”, como Ciro Gomes e Simone Tebet. O coach ficou conhecido do grande público em janeiro deste ano, quando levou 32 pessoas, integrantes de um de seus cursos de motivação, para o Pico dos Marins, na Serra da Mantiqueira, em São Paulo. O grupo ficou perdido durante a expedição e precisou ser resgatado pelo Corpo de Bombeiros. “Quem não quer correr risco, fica em casa vendo story”, afirmou na ocasião.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.