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Flávio Dino e governador do Rio criam ação contra lavagem de dinheiro

Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (CIFRA) pretende sufocar financiamento de organizações criminosas

Criação do grupo foi um pedido do governador do Rio

Criação do grupo foi um pedido do governador do Rio

Diana Rogers / Itatiaia

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, assinaram nesta quarta-feira (8), no Palácio Guanabara, Zona Sul do Rio, um acordo de cooperação técnica para a criação de um comitê integrado contra lavagem de dinheiro. Batizado de Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (CIFRA), o grupo vai permitir o compartilhamento de informações entre as forças de segurança federais e estaduais, possibilitando o rastreio da movimentação financeira da milícias e do tráfico.

“Nada mais é do que a tradução de uma velha expressão, “follow the money”, que todo mundo repete há décadas, e agora nós estamos efetivamente fortalecendo esse segmento do caminho do dinheiro como meio para descapitalizar e enfraquecer as organizações criminosas em geral, especialmente a narcomilícia que atua no Rio de Janeiro e em outros estados brasileiros.”

A força tarefa vai contar com a colaboração do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Polícia Civil do Rio, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar, Ministério Público Federal e Ministério Público do Estado do Rio, integrados com o Banco Central, Receita Federal, Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) e a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Um espaço físico será criado no Rio de Janeiro para o compartilhamento das informações.

“Nós acertamos nessa reunião técnica que haverá um comitê com sede física no Rio de Janeiro, com sala e colocação de pessoal permanente. Então não é algo temporário com reuniões esporádicas. É um modelo de força-tarefa em que haverá profissionais nossos, da esfera federal, e profissionais da polícia civil interagindo com outros órgãos que são vitais: Secretaria de Estado da Fazenda, COAF, Receita Federal, sempre observando a lei no que se refere a sigilo fiscal e sigilo bancário, mas interagindo e compartilhando dados para permitir que ambas as esferas possam exercer seus papéis. Às vezes junto, às vezes separado, mas a inteligência sendo compartilhada nesse local físico”, disse Flávio Dino.

A criação do grupo foi um pedido do governador do Rio, Cláudio Castro, ao governo federal, após a situação no estado ficar incontrolável após os últimos episódios de violência. Castro pediu um modelo de segurança que pudesse combater o que ele chama de “verdadeiras máfias”

“Foi muito importante o Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Presidente da República terem entendido que não era mais só uma questão de vir aqui fazer GLO, fazer intervenção, fazer o trabalho do governo do estado. Era a gente poder, cada um, dentro da sua responsabilidade, reforçar e sobretudo na questão legislativa. É muito importante que a gente abra essa discussão. A gente fez uma primeira proposta para começar a diminuir essas progressões de pena para pessoas que portam fuzis, que trabalham para o tráfico e para as milícias, e isso vai ser discutido no congresso nacional a partir desse diálogo do Ministério da Justiça com o governo do estado do Rio de Janeiro. E esse comitê que a gente assina hoje é um pilar, um ponto fundamental do sucesso ou não do nosso trabalho. Está muito claro que não são mais malotes de dinheiro pra cima e pra baixo. Esse problema da lavagem de dinheiro está funcionando dentro do sistema financeiro nacional.”

O acordo prevê que o dinheiro recuperado seja investido em ações de combate ao crime organizado. O grupo integrado tem validade de 12 meses, mas pode prorrogar.

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