O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), voltou a dizer que prefere não se reunir mais com o presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (sem partido). Em entrevista exclusiva à Itatiaia, Fuad afirmou que tem recebido ofensas vindas do chefe do Legislativo. No entanto, o prefeito garantiu disposição em se encontrar com outros parlamentares que assinaram um ofício
“Eles [os vereadores] não me procuraram para pedir essa agenda. Estou pronto e receberei com muito prazer. Como disse, não vou, neste momento, falar com o presidente da Câmara porque ele só sabe me ofender e grava todo mundo com quem conversa. Vou discutir qualquer questão nessa situação? Prefiro não fazer isso. Mas, os outros vereadores, [recebo] com muito prazer”, disse.
Gabriel está no grupo de 14 vereadores que subscreveram um pedido de reunião com Fuad. O imbróglio entre eles vem desde o ano passado, em meio às articulações que levaram o vereador à presidência da Câmara. Quase doze meses depois, Gabriel é investigado por uma comissão que pode recomendar a cassação de seu mandato parlamentar.
Fuad x Gabriel: histórico de brigas
Neste ano, eles
“Nunca neguei receber nenhum vereador. Basta ligar para a minha secretária e (dizer): ‘quero uma reunião com o prefeito’. Marco dia e hora. Vou receber com muito prazer — aqueles que não gravam”, completou o prefeito.
A queixa sobre Gabriel “gravar” conversas remonta à divulgação do áudio
O chefe do Legislativo belo-horizontino foi procurado para repercutir as falas de Fuad. “Sobre a primeira declaração, o presidente da Casa espera que o prefeito Fuad Noman receba os vereadores que, assim como ele, estão banidos da prefeitura”, lê-se em nota enviada à reportagem.
Depois, em declaração dada em primeira pessoa, Gabriel Azevedo comemorou a possibilidade de reuniões entre Fuad e os 13 parlamentares que, além dele, demonstraram descontentamento.
“Fico muito feliz em saber que o senhor prefeito está finalmente disposto a receber 13 vereadores que eram ignorados pela prefeitura. Já é um bom começo. Eles representam, assim como eu, o povo. É uma boa oportunidade para que ele perceba que o problema dele não é comigo e o meu não é com ele. A minha questão segue a mesma: essa cidade tem muitos desafios e uma lentidão profunda por parte do Poder Executivo na implementação das soluções”, pontuou.
Fuad prega ‘afastamento’ e cobra aval a empréstimo
Também na entrevista à Itatiaia, Fuad disse ter optado pelo “afastamento” na crise que se abate sobre a Câmara de BH. O pedido de cassação de Gabriel foi apresentado pela deputada federal Nely Aquino (Podemos), ex-aliada do presidente da Casa e sua antecessora no posto.
O documento, que alega quebra de decoro parlamentar, foi apresentado no dia 28 de agosto e lista diversos motivos, como agressões verbais e atuação irregular em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigava contratos da Prefeitura de Belo Horizonte para a limpeza da Lagoa da Pampulha.
“Eu não interfiro nos processos da Câmara. Ela tem seu rito, sua maneira de trabalhar e seu regimento. Respeito o Regimento da Câmara e os vereadores. Não interfiro e não dou palpite na Câmara. Logicamente, gostaria que tivesse uma Câmara que trabalhasse harmonicamente com a prefeitura, seja quem for o presidente, seja quem forem os relatores (de propostas)”, apontou o prefeito.
Apesar da posição, Fuad cobrou agilidade no aval legislativo à operação que vai garantir recursos para a urbanização da Ocupação Izidora, na Região Norte da cidade. Na semana passada, o governador Romeu Zema (Novo) sancionou projeto
Para subsidiar as intervenções na localidade, a equipe econômica do Executivo municipal se ampara na possibilidade de contrair empréstimo junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird).
“A urbanização exige financiamento de US$ 160 milhões — quase R$ 1 bilhão — que está lá na Câmara para ser aprovado há um tempo grande. E a Câmara não aprova. Prefiro que ele continue brigando comigo, mas que aprove o que é de interesse da cidade. Porque uma briga pessoal não pode interferir no funcionamento da cidade. A Câmara ainda não votou nada neste mês, é muito difícil isso, temos vários projetos importantes. Gostaria que o presidente da Câmara, com seus problemas que não me importam, coloque em votação os projetos de interesse da cidade”, esperançou.
Sobre o tema, Gabriel Azevedo, presidente da Câmara Municipal, se manifestou da seguinte forma.
O projeto está em pauta no plenário, em segundo turno. Já foi aprovado em primeiro turno. É importante lembrar que esse empréstimo já foi pautado anteriormente e que contou com o meu voto favorável, ainda na gestão Kalil”, disse Azevedo à Itatiaia.
A Câmara Municipal, por meio da assessoria de comunicação, também se posiciono sobre o caso.
“A Câmara informa que quem pauta um projeto é o presidente, consultado o colégio de líderes. Alguns projetos, como vetos, podem sobrestar a pauta. Fora estes casos, a ordem de votação no plenário pode ser objeto de requerimento de preferência, que pode ser feito por qualquer vereador”, disse a nota da CMBH.