O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), disse nesta terça-feira (15) que a privatização da Eletrobras “gera instabilidade para o setor elétrico nacional”, mas que seria “leviano” atribuir relação entre a venda da empresa e o apagão que afetou todas as regiões do Brasil no período da manhã e no início da tarde.
Segundo Silveira, o que ocorreu foram duas falhas simultâneas em linhas de transmissão de alta capacidade,
“Eu seria leviano em apontar que há uma causa direta com relação à privatização da Eletrobras. O que não posso faltar é com a coerência. Minha posição sempre foi essa, e não vai deixar de ser, que um setor estratégico como esse deve ter a mão firme do estado brasileiro”, disse o ministro.
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Mais cedo, a primeira-dama Janja da Silva insinuou que as falhas estão relacionadas a venda da estatal. “A ELETROBRAS FOI PRIVATIZADA EM 2022. Era só esse o tuite”, escreveu ela nas redes sociais. Questionado sobre a posição da primeira-dama, Alexandre Silveira disse apenas que foi uma “afirmativa textual” de “um fato que realmente aconteceu e que gera instabilidade para o setor elétrico nacional”.
“A minha posição é de que a privatização da Eletrobras fez muito mal, em especial no modelo que ela ocorreu, fez sim mal ao sistema. A Eletrobras era o braço operacional do setor elétrico brasileiro, a empresa responsável por mais de 40% da transmissão nacional, mais de 36% da geração do país e, portanto, essa é uma posição também do ministro de Minas e Energia”, disse ele.
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Alexandre Silveira afirmou também que, mesmo com a União sendo dona de mais de 43% das ações da Eletrobras atualmente, só soube da renúncia de Wilson Ferreira Júnior como presidente da empresa na segunda-feira (14) e a substituição por Ivan de Souza Monteiro por meio da divulgação do fato relevante pela imprensa.
“Eu não digo nem uma consulta sobre uma nova diretoria executiva, mas no mínimo colocado a par para a União poder participar mais ativamente de uma decisão dessa magnitude. Essa mudança abrupta, sem uma sinergia com a política pública, nada mais do que reafirma o que eu tenho dito: a privatização tirou a possibilidade de nós termos um sistema elétrico nacional mais harmônico”, concluiu.
Segurança energética
O ministro descartou qualquer risco à segurança energética do Brasil e fez uma distinção entre o incidente desta terça-feira e os apagões ocorridos em 2020, principalmente no Amapá. “Por falta de planejamento estivemos à beira de um colapso do setor energético brasileiro, onde o sistema trabalhou na bandeira vermelha e foi necessária a contratação emergencial de [usinas] térmicas no Brasil”, disse Silveira.
“Agora não. Há planejamento, segurança, os nossos reservatórios estão cheios. O ocorrido hoje absolutamente nada tem a ver com o planejamento do sistema e a geração de energia”, continuou o ministro.
Entenda o apagão
Alexandre Silveira informou que a energia foi restabelecida e 100% normalizada em todas as regiões do Brasil desde às 14h49m. Segundo o Ministério de Minas e Energia, pasta chefiada por ele, uma ocorrência no Sistema Interligado Nacional (SNI) interrompeu o fornecimento de uma carga de 16 mil MW, o que levou diversas cidades em todos os estados do Brasil ficarem sem energia. A exceção foi Roraima, que não teve municípios afetados porque não está ligado ao SNI.
Conforme o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), às 8h31 houve uma “separação elétrica” das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste. O órgão afirmou que houve uma abertura das interligações entre essas regiões e que a interrupção no fornecimento de energia no Sul e no Sudeste “foi uma ação controlada para evitar a propagação da ocorrência”.