O senador licenciado Marcos do Val (Podemos-ES) prestou depoimento na sede da Polícia Federal em Brasília nesta quarta-feira (19). Os policiais investigam uma reunião realizada entre ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ), o ex-deputado Daniel Silveira e o próprio senador. No encontro, segundo versão inicial de Marcos do Val, Silveira teria dado a ideia de usar o senador para gravar uma conversa com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
O objetivo seria fazer com que o ministro dissesse que, como extrapolou a Constituição durante a eleição de 2022, o que, na visão dos envolvidos, daria base para Bolsonaro questionar o resultado do pleito.
O plano foi denunciado pelo próprio Marcos do Val em uma entrevista à revista Veja em fevereiro deste ano. Desde a publicação da reportagem, no entanto, o senador mudou de versão diversas vezes e negou a participação do ex-presidente, atribuindo a responsabilidade a Silveira.
O depoimento desta quarta-feira durou quase cinco horas. Antes, Marcos do Val havia faltado a dois depoimentos marcados pela Polícia Federal. Apesar de estar licenciado do cargo, ele chegou ao local em um carro oficial do Senado acompanhado de seus advogados. Para despistar a imprensa, chegou com 50 minutos de antecedência em relação ao horário marcado para o início do depoimento.
Na semana passada, o ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento no mesmo inquérito. Ele disse ter apresentado aos agentes da PF um “print” de uma conversa de Whatsapp em que chama o suposto plano de “coisa de maluco”.
O ex-presidente falou com a PF durante 35 minutos e confirmou que a reunião aconteceu no Palácio da Alvorada, mas negou ter feito qualquer menção ao nome de Alexandre de Moraes. Bolsonaro afirmou também que ficou em silêncio durante o encontro.