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Saiba o que aconteceu no 1º dia de julgamento de Bolsonaro no TSE e os próximos passos

Primeira sessão foi suspensa após leitura do relatório e apresentação dos pontos de vista da defesa, acusação e MPE

TSE retoma julgamento contra Bolsonaro na próxima terça-feira

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concluiu o primeiro dia de julgamento da ação que pode levar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a ser declarado inelegível pela perda dos direitos políticos pelos próximos oito anos. A Corte Eleitoral dedicou três sessões sobre a ação - que pode ser concluída na próxima quinta-feira, 29 de junho.

No primeiro dia de julgamento, o relator do processo, ministro Benedito Gonçalves, fez a leitura do relatório de 43 páginas na íntegra. A defesa do ex-presidente, do Partido Democrático Trabalhista (PDT) - autor da ação - e o Ministério Público Eleitoral (MPE) se manifestaram.

O que disse a defesa de Bolsonaro?

Bolsonaro foi representado, no julgamento, pelo advogado Tarcísio Vieira de Carvalho, que criticou a ação do PDT que pretende levar o ex-presidente à perda dos direitos políticos.

Carvalho chamou a ação de “impostora” e que o partido fez “uso indevido da Justiça Eleitoral”, como parte de uma plataforma política de propaganda antecipada para tentar alavancar a candidatura de Ciro Gomes, candidato do PDT à Presidência em 2022.

“Uma ação impostora, eivada de falsidade ideológica, totalmente fadada ao insucesso”, declarou o advogado de Bolsonaro nos 15 minutos em que teve direito a se manifestar sobre a ação.

Carvalho também refutou que houvesse conexão do objetivo da ação com qualquer tentativa de golpe.

Veja: ‘Tempestade em copo d’água’: diz Bolsonaro sobre ação no TSE

“Tentativa de golpe? Conectada à reunião com embaixadores? Essa pretensão não dependeria de discursos outros que não os de descrédito da Justiça Eleitoral? Alguém que pretensamente vai praticar um golpe vai perder tempo em desacreditar a Justiça Eleitoral e disputar as eleições?”, questionou.

O que disse o Ministério Público Eleitoral?

O Ministério Público Eleitoral (MPE) foi representado pelo vice-procurador-geral da República, Paulo Gustavo Gonet Branco. Em sua manifestação, ele sustentou que houve abuso de poder político por parte de Jair Bolsonaro no episódio objeto da ação - a reunião do ex-presidente com embaixadores no Palácio da Alvorada.

Na sessão, Gonet Branco defendeu que Bolsonaro seja declarado inelegível por oito anos e, dessa forma, fique impedido de se candidatar.

Segundo o representante do Ministério Público Eleitoral, o discurso de Bolsonaro na reunião com embaixadores aconteceu “exclusivamente” para disseminação de “palavras de desconfiança e descrédito com relação ao sistema eleitoral” e com “sugestões desmerecedoras lançadas contra” integrantes do TSE.

O que diz o PDT?

O advogado do PDT, Walber Agra, defendeu a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e refutou a tese da defesa de que a reunião com embaixadores tivesse sido apenas uma agenda de chefe de Estado.

De acordo com ele, o discurso de Bolsonaro contra o sistema eleitoral brasileiro na reunião é parte de uma série de acontecimentos desde as eleições de 2018 - quando o ex-presidente, por diversas vezes, colocou em xeque a lisura da Justiça Eleitoral.

Agra também disse que todos crimes levantados na ação foram confirmadas por provas ao longo da investigação.

“Na AIJE, rogou-se que o Judiciário pudesse investigar as tipificações de abuso de poder político, de conduta vedada, de desordem informacional e de uso indevido de meios de comunicação”, ressaltou.

O advogado também defendeu a inclusão da “minuta do golpe” no processo, alegando que o nexo causal da prova é o mesmo presente na ação.

Próximos passos

Na próxima sessão, marcada para terça-feira, 27 de junho, o relator Benedito Gonçalves apresenta seu voto - que deve ser o mais longo dentre todos os sete ministros da Corte Eleitoral. Na sequência, votam os demais seis ministros, na seguinte ordem:

  • Raul Araújo

  • Floriano de Azevedo Marques

  • André Ramos Tavares

  • Cármen Lúcia

  • Nunes Marques

  • Alexandre de Moraes.

Pedido de vista

Qualquer um dos sete ministros do TSE podem apresentar pedido de vista do julgamento - quando a sessão é adiada, sem conclusão. Pelas regras da Justiça Eleitoral - previstas no artigo 18 do Regimento Interno -, o ministro que pedir vista tem prazo de 30 dias, renováveis por outros 30, para devolver o processo para que o julgamento continue.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.