O candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), abriu a série de sabatinas do Jornal Nacional com os candidatos à Presidência mais bem colocados nas pesquisas eleitorais. Em uma entrevista que durou 40 minutos, o presidente foi questionado sobre ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), a condução do seu governo no combate à pandemia, a economia, ao meio ambiente e sua relação com o Centrão.
A sabatina também foi marcada por embates entre Bolsonaro e os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos.
Confira os principais trechos da entrevista:
Ataques a ministros do STF
A sabatina começou com uma pergunta de Bonner a Bolsonaro sobre ataques e xingamentos do presidente a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ataques contra o sistema eleitoral.
Bolsonaro disse que Bonner não estava falando a verdade de que ele teria xingado ministros e ouviu do apresentador sobre o episódio em 7 de setembro do ano passado, quando chamou o ministro Alexandre de Moraes de ‘canalha’ e que não mais cumpriria ordens dele.
“Você não está falando a verdade quando fala sobre xingar ministro. Isos não existia, é fake news da sua parte. Outra coisa: eu quero transparência nas eleições”, afirmou Bolsonaro. “Nós queremos evitar que pairem dúvidas sobre essa eleição”, completou.
“Quem vem sendo perseguido o tempo todo por um ministro do Supremo sou eu, com um inquérito ilegal. As medidas do ministro eram questionáveis”, afirmou sobre Alexandre de Moraes. “Espero que essa página seja virada, tivemos um contato amistoso lá na posse dele no TSE, tudo indica que está pacificado”, disse.
Manifestações a favor de golpe
Em outro trecho da sabatina, Bolsonaro classificou como “liberdade de expressão” as manifestações de apoiadores que pedem ‘intervenção militar’ ou o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal.
“Você vê que as manifestações nossas não têm qualquer ruído, sem uma única lata de lixo virada. Alguns falam em artigo 142. O que é o artigo 142? É um artigo da Constituição, que eu não entendo da maneira como alguns pouquíssimos entendem. Quando alguns falam em fechar o Congresso, é liberdade de expressão deles, eu não vejo dessa maneira. Para mim, isso faz parte da democracia. Não posso eu ameaçar fechar o Congresso ou o Supremo Tribunal Federal. Não vejo nada demais”, disse.
Em seguida, Bonner perguntou se o presidente não queria “aproveitar a oportunidade” para dizer que iria respeitar o resultado das eleições.
“Serão respeitados os resultados das urnas, desde que as eleições sejam limpas e transparentes. Vamos botar um ponto final nisso?”, questionou.
Combate à pandemia
O candidato à reeleição também foi questionado sobre a condução do governo no combate à pandemia. Bolsonaro disse que o Brasil foi um dos primeiros países que começou a campanha de vacinação contra a covid-19 e que mais de 500 milhões de doses foram compradas, mas culpou a imprensa pelas críticas ao chamado ‘tratamento precoce”, que previa tratamento da doença com medicamentos sem eficácia comprovada. .
“O grande erro foi o trabalho forte da grande mídia, inclusive a Globo, desestimulando médicos a fazerem o tratamento precoce”, disse. Bolsonaro também disse que não faltaram recursos para governadores e prefeitos.
Questionado por Renata Vasconcellos se se arrependia de ter zombado de pessoas que morreram por falta de ar ao imitar uma pessoa com dificuldade de respirar, durante uma live em seu canal de Youtube, em março de 2021, ele desconversou e disse que manifestou solidariedade às pessoas nas ruas e na periferia.
“A solidariedade eu manifestei conversando com o povo nas ruas, visitando a periferia de Brasília, vendo pessoas humildes obrigadas a ficarem em casa, sem terem apoio do governador e do prefeito. Nós fizemos o auxílio emergencial imediatamente, para 68 milhões de pessoas”, afirmou.
Economia
Sobre economia, Bonner questionou o presidente sobre as promessas feitas na campanha de 2018, de que a solução para a economia do país seria inflação baixa, taxa de juros menor e dólar menor.
“As promessas foram frustradas pela pandemia, por uma seca enorme no ano passado e pelo conflito na Ucrânia e na Rússia. Se pegar os dados de hoje, o Brasil é um dos únicos países do mundo com deflação, temos a inflação menor que da Inglaterra, dos Estados Unidos. A taxa de desemprego tem caído no Brasil. Os números da economia são fantásticos, se compararmos com os outros países. Se fosse apenas o Brasil com esses problemas, eu seria o responsável. O que podemos fazer é continuar na política que vemos fazendo desde 2019", defendeu.
Bolsonaro foi o primeiro candidato à Presidência a passar por sabatina no Jornal Nacional. Nesta terça-feira (23), o convidado é Ciro Gomes (PDT). Lula será ouvido na quinta (25) e, Simone Tebet (MDB), na sexta-feira (26).