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Demência frontotemporal: entenda o que é a doença que fez Bruce Willis esquecer da própria mãe

Bruce Willis foi diagnosticado com demência frontotemporal, apresentando dificuldade na fala, mudança de comportamento e quadros de perda de memória

Bruce Willis se aposentou em março de 2022 após apresentar dificuldades na fala

Há cerca de duas semanas o ator de Hollywood, Bruce Willis, foi diagnosticado com demência frontotemporal. Segundo relatos de parentes, o astro de cinema começou a apresentar dificuldades de comunicação e fala e, pouco depois, alterações no comportamento e alguns quadros de esquecimento. Recentemente, um primo contou que Willis esqueceu da própria mãe.

Segundo o neurologista Paulo Caramelli, especialista em cognição e professor da UFMG, a demência frontotemporal é uma doença degenerativa que ocorre quando algumas proteínas atrofiam, comprometendo o funcionamento dos lobos frontais e temporais do cérebro.

“Os sintomas da demência frontotemporal se caracterizam principalmente por alterações de comportamento, desde apatia, desinteresse por atividades e perda de iniciativa, até desinibição, inadequação social e comportamentos compulsivos repetitivos. Pode haver alterações de apetite, com predileção por doces, por exemplo, e em boa parte dos casos a memória é menos comprometida, especialmente nas fases iniciais da doença. Há mais alterações de capacidade de planejamento”, explica o médico.

Entretanto, há uma outra forma que a demência frontotemporal pode se manifestar. Segundo Caramelli, pelos relatos da família de Bruce Willis, ele apresenta uma outra forma de demência, que acaba prejudicando a linguagem. Apesar do ator ter apresentando um quadro de esquecimento, casos de perda de memória, normalmente, são menos agressivos na demência frontotemporal quando comparado com outros tipos de demência, como o Alzheimer.

“Existe uma outra forma de apresentação clínica que tem alterações de linguagem, e aparentemente essa foi a forma que se manifestou no ator Bruce Willis. Ele começou com quadro de afasia, que é um comprometimento da linguagem. Assim, a pessoa pode ter dificuldade para encontrar palavras e para se expressar adequadamente, ou mesmo com uma perda do significado e dos objetos”.

Diagnóstico, tratamento e prevenção

A demência frontotemporal costuma atingir pessoas com menos de 65 anos e não possui tratamento específico. Normalmente, o médico vai indicar medicações e intervenções para controlar e amenizar os sintomas. O diagnóstico deve ser feito por um neurologista e necessita de avaliações neuropsicológicas e fonoaudiologias, feitas por psicólogos e fonoaudiólogos qualificados. Além disso, o neurologista pode pedir alguns exames de imagens cerebrais, como tomografia ou ressonância magnética.

A prevenção tanto da demência frontotemporal quanto de outras demências, como o Alzheimer, não é clara para a medicina. Segundo o neurologista, existem alguns fatores de risco associados ao desenvolvimento da demência e que podem ser evitados.

“Em termos gerais a demência incide mais em pessoas que têm um perfil de fatores de risco, por exemplo, pessoas sedentárias, pessoas que têm fatores de risco para doenças vasculares, como pressão alta, diabetes e colesterol elevado. As demências não podem ser evitadas de forma plena ,mas a gente pode reduzir o risco justamente atuando nesses fatores”.