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Alunos de escola pública vencem prêmio global com horta magnética

Técnica pode ajudar agricultores, familiares, comunidades quilombolas e instituições de ensino.

Campo magnético é ligado a gerador de 30 V feito com fonte de computador

Uma horta cercada por um campo magnético. Essa foi a ideia de um grupo de alunos do Centro de Ensino de Tempo Integral Dom Ungarelli, em Pinheiro, no Maranhão, para acelerar o desenvolvimento de pés de alface depois que a plantação da escola foi comprometida por chuvas sazonais.

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As plantas, instaladas em latas e influenciadas por um campo magnético, deram folhas mais viçosas e com crescimento longitudinal. Além disso, houve redução do tempo de colheita: em vez dos 60 dias habituais, as hortaliças foram obtidas em 30 dias. Isso foi possível porque os íons da seiva bruta da planta foram magnetizados e o crescimento delas foi potencializado.

Para criar o campo magnético para o canteiro experimental, foi utilizado fio de cobre esmaltado: foram 24 voltas ao redor da plantação, o que formou uma bobina. O conjunto é ligado a um gerador de 30 V feito com fonte de computador. As hortaliças cercadas pelo magnetismo são regadas uma vez por semana, enquanto as comuns precisam de duas regas diárias.

O projeto venceu as categorias Júri Popular e Vencedores Nacionais da 9ª edição do Solve For Tomorrow Brasil, prêmio de cidadania global da Samsung. A ação estimula alunos e professores da rede pública de ensino a criarem soluções criativas com ciência, tecnologia, engenharia e matemática para demandas locais.

Benefício para a comunidade

O Solve for Tomorrow oferece mentoria para refinar ideias e protótipos. “O trabalho em projetos vinculados à realidade engaja os estudantes no desenvolvimento de Ciências e pesquisas para melhorar a vida das pessoas”, afirma Beatriz Cortese, diretora executiva do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária Cenpec, organização responsável pela coordenação do programa no Brasil.

A técnica desenvolvida pelos estudantes pode ajudar agricultores, comunidades quilombolas e instituições de ensino. “Já estamos fazendo testes com tubérculos e vamos testar com outras hortaliças. Além disso, estamos difundindo a ideia para outras escolas e para a comunidade agrícola”, aponta Vanessa Campos Almeida, professora de química e orientadora do grupo.

Para ela, a participação estimula a iniciação científica, a pesquisa e o trabalho em conjunto. “Quando incentivamos os alunos nessas áreas, os colocamos como protagonistas do processo. O resultado é muito satisfatório, pois são eles quem vão em busca de respostas”, destaca. “É uma imersão na Ciência. Temos certeza de que os demais estudantes já enxergam a Ciência com outros olhos e isso é um incentivo na busca por conhecimento”, completa.

Anna Karina Pinto, diretora de marketing corporativo da Samsung Brasil, afirma que o protótipo dos alunos maranhenses contribui significativamente com a agricultura da região e a economia local. “Além dessa contribuição social, os alunos desenvolvem suas habilidades individuais para elevar seu crescimento acadêmico e, futuramente, profissional.”