A luz azul é conhecida por afetar a qualidade do sono em adultos e crianças, uma vez que inibe o aumento noturno dos níveis de melatonina. A pesquisa turca aponta que essa característica pode ter influenciado a recente elevação no percentual de casos de puberdade precoce — especialmente após a chegada da pandemia, quando a quantidade de horas de uso dessas telas cresceu em razão do distanciamento social.
Os pesquisadores investigaram os efeitos da exposição à luz azul nos níveis de hormônios reprodutivos de ratos. Para a pesquisa, foram usadas luz comum e seis e 12 horas de luz azul. Os primeiros sinais de puberdade aparecem mais cedo nos grupos de cobaias expostos à luz azul e, quando maior a exposição, mais cedo isso ocorre.
Aylin Kilinc Uğurlu, líder do estudo, destaca, entretanto, que os pesquisadores ainda não têm certeza de que esses achados seriam replicados em crianças. “Os dados sugerem que a exposição à luz azul pode ser considerada um fator de risco para o início precoce da puberdade”, aponta. O tempo da puberdade em ratos é aproximadamente equivalente ao de humanos, assim como as alterações hormonais e de ovulação da
A cientista diz que os ratos que experimentaram a luz azul apresentaram níveis reduzidos de melatonina e aumentado de alguns hormônios reprodutivos (estradiol e hormônio luteinizante). Em termos físicos, houve alteração no tecido ovariano. Todas essas modificações são consistentes com a chegada da puberdade. Os animais que passaram 12 horas expostos apresentaram danos nas células e inflamação nos ovários.
Agora, a equipe quer aprofundar o estudo desses efeitos para determinar se há impactos de longo prazo na saúde reprodutiva e na fertilidade. Além disso, os cientistas querem investigar se os recursos que prometem minimizar a luz azul podem reduzir as consequências nocivas de seu uso. “O uso de dispositivos emissores de luz azul deve ser minimizado em crianças pré-púberes. Especialmente à noite, quando pode ter os efeitos mais alteradores de hormônios”, completa Aylin.