Ouvindo...

Fiocruz fotografa invasão de célula por vírus da varíola do macaco

Imagens serve para facilitar a compreensão do processo e dimensionar o tamanho do vírus

Varíola do macaco tem se espalhado por todo o mundo

Cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) conseguiram fotografar as etapas da infecção de uma célula saudável pelo vírus da varíola do macaco (monkeypox). O processo foi executado em um laboratório de biossegurança nível 3 (NBA3) — um dos mais seguros para o estudo de agentes infecciosos — com um microscópio eletrônico de transmissão.

Para isso, os pesquisadores cultivaram o agente infeccioso, obtido de um paciente contaminado, em células de linhagem Vero (um modelo bastante usado para estudos in vitro) e depois o isolaram. As imagens permitem observar o processo de replicação viral e dimensionar melhor o tamanho do vírus.

Na primeira cena, é possível observar dois vírus da varíola dos macacos (em preto) mergulhados no citoplasma de uma célula. Este é considerado um dos primeiros momentos da infecção. Na parte inferior equerda da imagem, aparece parte do núcleo celular — onde o material genético está preservado.

Na figura seguinte, os vírus monkeypox são vistos durante a replicação viral: os dois pontos pretos iniciais já se transformaram em vários. A partir da ampliação da imagem em 40 mil vezes, a equipe da Fiocruz pôde concluir que a célula é pelo menos 300 vezes maior que o vírus, o que não impede a proliferação do microrganismo.

A última imagem, por sua vez, mostra o processo geral de degeneração da célula, após a infecção e a replicação do agente infeccioso. A cena foi captada em um microscópio invertido. Estes são alguns dos primeiros registros do vírus da varíola do macaco no Brasil. Outra equipe de pesquisa foi responsável por sequenciar o genoma viral em apenas 18 horas.

Participaram do estudo cientistas do Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral, coordenado pela pesquisadora Debora Ferreira Barreto Vieira, e do Laboratório de Enterovírus, chefiado por Edson Elias. A pesquisa foi inicialmente oferecida em preprint e, agora, publicada na Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo.