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Reino Unido quer enviar veículo ao Espaço para remover dois satélites inativos

Missão vai receber financiamento inicial de £ 5 milhões

Uma das propostas é usar quatro braços para abraçar o lixo espacial

Uma missão espacial do Reino Unido quer remover lixo do Espaço. Para isso, serão investidos £ 5 milhões para recuperar dois satélites inoperantes e trazê-lo de volta à atmosfera da Terra para que se incendeiem. Será o primeiro feito do tipo e deve ocorrer ainda nesta década.

George Freeman, ministro da Ciência do Reino Unido, diz que o projeto é parte do compromisso de manter a órbita da Terra limpa e organizada. Isso inclui, ainda, a criação de normas para a operação segura de satélites. “Estamos à beira de uma enorme explosão de satélites”, alerta. “Queremos ter certeza de que lideramos na ciência da sustentabilidade e que o Reino Unido se torne líder mundial em sistemas de recuperação de satélite.”

Chamada de missão ativa de remoção de destroços, a ação vai enviar uma espaçonave à órbita em 2026. Quando chegar lá, o veículo viajará até os satélites desativados do Reino Unido e os puxará para a atmosfera da Terra para que eles queimem. A ideia é provar que uma única espaçonave pode remover mais de um pedaço de detrito.

Os satélites ainda não foram escolhidos — o Reino Unido tem mais de 12 deles inoperantes. Embora não haja obstáculos legais para que um país remova seus próprios satélites do Espaço, há aspectos a serem definidos com a Autoridade da Aviação Civil (Civil Aviation Authority). “O que acontece se for coletado o objeto errado?”, pergunta a advogada Joanne Wheeler ao sinalizar que pode haver dilemas de segurança.

Como será a ação

Três empresas se apresentaram para a atividade: a suíça ClearSpace, a japonesa Astroscale e a britânica Surrey Satellite Technology (SSTL). Duas serão selecionadas em julho para o contrato de £ 5 milhões. Depois, uma delas será escolhida para um contrato de até £ 60 milhões.

As empresas têm propostas diferentes. A Astroscale sugere usar um braço robótico para capturar cada satélite. Já a Clearspace indica usar quatro braços para abraçar os objetos e trazê-los para baixo. A SSTL, por sua vez, pensa em usar uma rede gigante para coletar um e um braço para puxar o outro.

Atualmente, mais de 30 mil peças de destroços são monitoradas na órbita da Terra — cerca de 2.500 delas são satélites inativos. “A remoção de vários pedaços com um único veículo é a maneira correta de agir”, aponta Hugh Lewis, da Universidade de Southampton. Após a missão, a espaçonave vai ser deixada na órbita da Terra para uso futuro.

Espera-se que a ação incentive outras missões de remoção de destroços. “Estamos tentando acelerar o desenvolvimento dessas tecnologias”, conta Jacob Geer, da agência espacial britânica. “Vamos enviar uma espaçonave para remover dois objetos. Com isso, vai haver um decréscimo da quantidade de itens no Espaço. É um passo importante para todos.”