Lixo espacial encontrado no Paraná pode ser da SpaceX
Especialistas da Bramon dizem que localização e semelhanças apontam para que a peça seja parte do Falcon 9
Um relatório da Agência Espacial Brasileira (AEB) confirma que a peça metálica encontrada em propriedade rural em São Mateus do Sul (PR) em 16 de março é, de fato, um artefato que estava na órbita espacial e retornou à Terra — ou seja, lixo espacial. Apesar de a entidade não ter informado a qual empresa ela pertence, pesquisadores da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon) classificam como "enorme a probabilidade" de ele ser parte do foguete Falcon 9, da SpaceX.
Para eles, trata-se da tubeira de um dos motores da segunda etapa do foguete. Lançado em 2015, o Falcon 9 ficou sem combustível para retornar à Terra depois de completar sua missão. Com isso, o veículo permaneceu solto no espaço. A Bramon lembra que São Mateus do Sul fica "praticamente abaixo da trajetória de reentrada" do foguete, observada na semana anterior à descoberta da peça.
O destroço, encontrado por um casal, tem cerca de 4m de comprimento. Ao analisar as imagens, os pesquisadores da Bramon encontraram semelhanças entre a tubeira do motor Merlin 1D do foguete Falcon 9 e o objeto. Eles avaliaram a solda das emendas e os buracos de rebites. Além disso, o tamanho relatado coincide com as características da peça.
Para a entidade, o material que compõe a tubeira do motor pode explicar a resistência do artefato na reentrada da atmosfera terrestre. Segundo os cientistas, a tubeira é feita de uma liga de nióbio e titânio que garante resistência adicional a altas temperaturas.

Entenda o caso
Joseane Maria Franco Portes conta que o objeto foi encontrado quando o marido dela, João Ricardo Pacheco Portes, verificava as cercas da propriedade. “Ele encontrou a peça e disse ‘Jô, achei um negócio no meio do mato, venha ver’. Aí eu fui e levei o celular, mas não tive coragem de encostar”, lembra.
Ela conta que a peça caiu no terreno ao lado da casa dela e quebrou galhos de árvores durante a queda. Na época, Joseane disse que o artefato havia caído na semana anterior. “Eu ouvi um barulhão, umas 5h. Pensei que algo tinha explodido aqui perto, mas fui lá fora e não vi nada”, diz. “Como o terreno é grande, não é sempre que andamos por tudo e, por isso, não achamos antes."
O estrondo ouvido por Joseane foi provocado pela reentrada do Falcon 9 na atmosfera da Terra. A ocorrência causou uma explosão e uma grande bola de fogo, que assustaram moradores de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Quando soube da ocorrência, a AEB enviou um técnico para analisar a peça e colher informações para determinar se ela era ou não lixo espacial. Na época, a agência informou que, se a empresa proprietária fosse identificada, seria notificada, com base em tratados internacionais, para recolher o objeto.
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