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Vacina não é só para criança: o papel estratégico das empresas na imunização

Setor privado pode atuar no combate à desinformação, enquanto maioria dos trabalhadores desconhece calendário que vai da gripe ao HPV e dengue

Participação das empresas é estratégica para ampliar o alcance da imunização da população

No Brasil, a imunização parece ser uma responsabilidade que expira com a maioridade. Superar as barreiras que levam à baixa cobertura vacinal entre adultos tornou-se um desafio onde as empresas ganharam um papel estratégico.

Além de facilitarem o acesso dos trabalhadores aos imunizantes, elas podem atuar em duas frentes cruciais: ações educativas e o combate direto à hesitação vacinal. A avaliação é de Marcela Sousa Nascimento, consultora médica do Sesi na área de Segurança e Saúde para a Indústria.

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O desafio do desconhecimento

Um dos principais desafios, segundo Nascimento, é que muitos adultos desconhecem a existência de um calendário vacinal específico para sua faixa etária. Em entrevista à Itatiaia, a especialista destacou que, no imaginário do trabalhador, a imunização costuma estar associada apenas à infância ou, no máximo, à campanha anual contra a gripe (influenza).

Esse desconhecimento abre espaço para que informações falsas circulem, e é nesse vácuo que as companhias podem atuar: ajudando a desmistificar conteúdos e a combater a hesitação.

“Muitos adultos desconhecem a existência de um calendário vacinal específico para essa faixa etária, que inclui doses de reforço e vacinas de rotina, como dTpa, hepatite B e influenza, conforme recomendado pela sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e pelo Ministério da Saúde.” explicou a consultora.

O fato é que o calendário recomendado pelo Ministério da Saúde e pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) é bastante extenso. A lista de recomendações inclui:

  • Hepatite B: Esquema de três doses para quem não foi vacinado na infância;
  • Tríplice viral: Duas doses (contra sarampo, caxumba e rubéola) para nascidos a partir de 1960;
  • dTpa: Reforço da vacina contra difteria, tétano e coqueluche a cada dez anos;
  • Influenza: Dose única anual;
  • Febre Amarela: Duas doses recomendadas pela SBIm para quem vive ou viajará para áreas de risco;
  • HPV: Recomendada preferencialmente a vacina HPV9, em esquema de três doses, para homens e mulheres ainda não vacinados;
  • Herpes Zóster: Vacina inativada (VZR) recomendada como rotina a partir dos 50 anos, em duas doses;
  • Meningocócicas (ACWY, C e B): Indicadas em situações epidemiológicas específicas ou para grupos de risco;
  • Pneumocócicas: Recomendadas para portadores de comorbidades ou rotina a partir dos 50 anos, a critério médico;
  • Dengue: Vacina Qdenga recomendada mesmo para quem não teve a doença, até os 60 anos, em duas doses;
  • Varicela (Catapora): Duas doses para adultos que não tiveram a doença e não foram vacinados.

O que a extensa lista da SBIm revela é que a vulnerabilidade não prescreve com a idade. Diante de um desafio complexo, que mistura a velocidade da desinformação com a simples falta de conhecimento, a fábrica ou o escritório se tornam espaços inesperados de exercício das práticas de saúde pública.

O envolvimento corporativo deixa de ser um acessório de gestão de pessoas e se converte em infraestrutura crítica: um esforço estratégico para garantir que o calendário vacinal adulto saia da teoria e que os imunizantes cheguem, de fato, ao braço do trabalhador.

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Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.