Mesmo com empréstimo, Correios ainda precisam de mais R$ 8 bilhões em 2026

Financiamento de R$ 12 bilhões deve ser usado para o pagamento de obrigações urgentes dos Correios

Estatal ainda estuda se vai precisar de um aporte do governo federal ou um novo empréstimo

Mesmo após contratar um empréstimo de R$ 12 bilhões com um grupo de cinco bancos, o presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, avalia que a estatal precisa de mais R$ 8 bilhões em 2026 para o seu plano de reestruturação. Segundo o executivo, ainda não foi definido como esses recursos serão captados.

Rondon apresentou nesta segunda-feira (29) o plano de reestruturação dos Correios. Originalmente, a estatal estimava a necessidade de um empréstimo de R$ 12 bilhões, mas o valor não foi acordado com os bancos por causa da taxa de juros que estava sendo cobrada pelas instituições.

“Permanece a necessidade de captação de R$ 8 bilhões. Essa necessidade de captação vai ser vista em 2026. Se a melhor opção é o aporte [do Tesouro Nacional] ou outra operação de crédito, ainda não está definido”, disse o presidente dos Correios.

No acumulado de janeiro a setembro de 2025, a estatal teve um prejuízo de caixa na ordem de R$ 6,1 bilhões. Para corrigir a grave crise financeira, a administração dos Correios prevê R$ 4,2 bilhões em corte de gasto e R$ 3,2 bilhões com aumento de receita. Segundo Rondon, sem a correção fiscal, o rombo poderia chegar em R$ 23 bilhões no ano que vem.

“O que a gente projeta, num cenário de estresse, é que, se nenhuma correção for feita para quebrar esse ciclo, o resultado negativo fica potencializado, podendo chegar em R$ 23 bilhões em 2026. Por isso, a correção de rota precisa ser feita de forma rápida”, disse o presidente dos Correios.

O empréstimo contratado com o grupo de bancos composto por Santander, Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Caixa, deve assegurar a liquidez da companhia até março. Os R$ 12 bilhões serão usados na recuperação do caixa, com o pagamento e negociação de todas as obrigações em atraso.

Em 2026 e 2027, a estatal prevê outros programas, incluindo a demissão voluntária de 15 mil servidores (cerca de 18% do total), revisão dos cargos e dos planos de saúde e previdência. Os Correios ainda estimam fechar mil unidades, diversificar o portfólio com parcerias com outras empresas, e a venda de imóveis ociosos.

“No primeiro momento, a gente precisa gastar recursos financeiros para viabilizar a melhoria nas despesas ali para frente. Em 2026, o que a gente fala da necessidade de captação é para a empresa ter fôlego para implementar as melhorias que a gente colher integralmente só em 2027”, destacou Emmanoel Rondon.

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Repórter de política em Brasília. Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), chegou na capital federal em 2021. Antes, foi editor-assistente no Poder360 e jornalista freelancer com passagem pela Agência Pública, portal UOL e o site Congresso em Foco.
Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.

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