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Ibovespa supera 152 mil pontos, e dólar cai na espera pela Selic

Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) vai divulgar hoje a nova taxa básica de juros

Investidores estão na expectativa para uma sinalização de corte de juros no futuro

O Índice Bovespa (Ibovespa), principal indicador do mercado de ações brasileiro, avançava mais de 1,5% aos 152.969,67 pontos na tarde desta quarta-feira (5/11), antes da decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom-BC) sobre a taxa básica de juros, a Selic. No mesmo sentido, o dólar opera em queda de 0,8%, cotado a R$ 5,35.

Os investidores repercutem a possibilidade do Copom sinalizar um corte de juros no futuro, apesar da grande expectativa para o resultado de hoje ser a manutenção da taxa de juros em 15% ao ano. A redução da Selic é esperada para a primeira reunião dos diretores do BC em 2026.

“Estamos diante das expectativas para o comunicado do Copom que pode trazer uma possível sinalização de corte pela frente, o que pode estar ajudando o bom humor interno”, explicou o especialista em renda variável do banco Inter, Matheus Amaral.

O economista também destaca o sinal de trégua na guerra comercial entre Estados Unidos e China, no qual o gigante asiático suspendeu a sobretaxa de 25%. Por sua vez, o governo de Donald Trump reduziu de 20% para 10% as tarifas aplicadas sobre os chineses. “Internamente, esses têm sido os principais drivers no Ibovespa hoje”, afirmou.

Dados do emprego e juros nos EUA

Outra notícia importante foi a recuperação do ritmo de contratações no setor privado dos Estados Unidos, de acordo com os dados da ADP de outubro depois de dois meses fracos. Segundo o relatório, foram 42 mil empregos, concentrada principalmente nos setores de educação, saúde, transportes e utilitários.

Apesar do bom resultado, o economista sênior do Inter, André Valério, alerta que os dados ainda apontam fragilidade no mercado de trabalho, com a média móvel de 3 meses na criação de empregos recuando de 24 mil em setembro para 3 mil em outubro. Ele ressalta que, apesar de não ser os dados oficiais, a ADP possui correlação como o Payroll, suspenso com a paralisação do governo.

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“Essa desaceleração no mercado de trabalho é confirmada pelos dados de abertura de vagas, fornecidas pela INDEED, alternativa privada ao JOLTS, que também sugere a continuidade de enfraquecimento na demanda por trabalho e na abertura de vagas. Na ausência de dados oficiais, o resultado da ADP favorece, na margem, um novo corte de juros na reunião de dezembro”, explicou.

Uma taxa de juros alta nos EUA torna os títulos do tesouro americano o melhor investimento, por terem praticamente risco zero. Isso faz com que os investidores retirem dinheiro do Brasil e apliquem no exterior. Se os juros americanos estão baixos, isso favorece o investimento em mercados emergentes com juros altos.

Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.