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Fusão entre Arezzo e Soma: concorrência chinesa influenciou negócio bilionário

Com o sucesso das varejistas Shein e a Shopee, as empresas formalizaram a fusão que cria a segunda maior companhia de moda do Brasil, com um valor R$ 13 bilhões

A Arezzo & Co e o Grupo Soma formalizaram a fusão em meio a forte concorrência chinesa no mercado de moda nacional

Em um momento de forte concorrência com varejistas chinesas, como a Shein e a Shopee, as empresas Arezzo e o Grupo Soma formalizaram a fusão que cria a segunda maior companhia de moda do Brasil, com um valor de mercado de aproximadamente R$ 13 bilhões.

Anteriormente, as duas marcas eram concorrentes no varejo de moda, apesar de disputarem mercados diferentes. Enquanto a Arezzo é focada em calçados e acessórios de luxo, a Soma vende vestuário casual masculino e femino - com marcas como Reserva, Farm, Hering e Dudalina.

A fusão entre as marcas, portanto, é economicamente complementar. Com o portfólio de vendas mais diversificado, abrangendo diferentes públicos e estilos, o negócio tem o potencial de transformar o mercado de moda no Brasil, com um faturamento anual próximo de R$12 bilhões, de acordo com especilistas.

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Ameaça

O especialista em investimentos da GTF Capital, Artur Horta, afirma que a união cria uma ameaça maior aos concorrentes devido ao tamanho da empresa em relação às concorrentes.

“Além disso, (as marcas) ganham maior poder de barganha com fornecedores. Ou seja, elas aumentam a capacidade de dominância de mercado e isso deve facilitar o crescimento da companhia combinada nos próximos anos”, afirmou Artur Horta em entrevista à Itatiaia.

Segundo ele, a fusão cria a segunda maior empresa do Brasil no setor de moda, ficando atrás apenas da Lojas Renner, em relação a valor de mercado e faturamento anual.

Horta explica que existem basicamente dois motivos para uma empresa fazer uma fusão: “crescer ou não morrer”.

“No caso de Arezzo e Soma, é o crescimento, já que juntas as companhias terão um portfólio de marcas e produtos complementares, além de diversos ganhos de eficiência e capacidade de expansão internacional”, explica Artur Horta.

Fragilidade

No entanto, o especialista em mercado financeiro explica que a fusão é uma forma “unir forças” em meio a um período de fragilidade do setor de moda no Brasil.

“A fusão ocorre em um momento de forte pressão de lucro das varejistas de moda do Brasil devido ao aumento da concorrência com produtos chineses. Além disso, essas empresas (de moda no Brasil) recebem incentivos fiscais que podem ser retirados pelo governo a qualquer momento”, disse Horta.

De acordo com levantamento da Neotrust, em parceria com a ABComm e o Bexs Banco, a Shopee se tornou o e-commerce mais utilizada no Brasil em 2022, com 20% de participação no mercado de moda nacional.

Além disso, relatório do Itaú BBA, publicado em dezembro de 2023, aponta a Shein como a maior varejista online de moda do mundo e com o dominío de 27% do e-commerce de roupas e calçados no Brasil, representando 5% de todo o varejo de vestuário no país.

Artur Horta afirma que a Arezzo e Soma projetam um faturamento anual próximo de R$12 bilhões com a fusão. “Mas existem mais alguns bilhões a serem ganhos com sinergias, isto é, o resultado total ser maior do que a simples soma de cada parte separadamente”, ponderou Horta.

Em 2023, a Shopee faturou R$ 14,5 bilhões no Brasil, dos quais R$ 5,8 bilhões foram provenientes da venda de produtos de moda - segundo a Neotruts.

Governança conjunta

A Arezzo & Co e o Grupo Soma anunciaram uma governança conjunta da nova empresa. Mas, inicialmente, o controle será maior da Arezzo com a nomeação de Alexandre Birman, fundador da marca de luxo, como CEO da nova companhia combinada.

Roberto Luiz Jatahy Gonçalves, da Soma, será o CEO da unidade de negócio de vestuário feminino, o principal dentro do grupo.

O negócio foi aprovado pelo acionistas dos grupos, que também firmaram um acordo regulando os direitos, deveres e responsabilidades de cada sócio.

“Não há, no momento, qualquer documento vinculante firmado e, portanto, não se pode confirmar que a operação de fato se realizará”, ponderou o grupo em nota.

As companhias esperam concluir o trâmite da fusão em 2025. No entanto, Artur Horta avalia que a projeção é “conservadora” e pode ser concluida ainda este ano.

Para ele, a fusão entre a Arezzo e Soma era esperada, mas ninguém tinha ideia de quando seria firmada. “As duas empresas possuem muitas coisas em comum e a Arezzo já demonstrou interesse em comprar a Soma no passado”, conclui.

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Formado em Jornalismo pela UFMG, com passagens pelo jornal Estado de Minas/Portal Uai. Hoje, é repórter multimídia da Itatiaia.