Um estudo realizado ao longo de 21 anos na
A pesquisa envolveu mais de 3,9 milhões de adultos e analisou o impacto da exposição prolongada a partículas ultrafinas, invisíveis a olho nu e geradas por veículos. Essas partículas, segundo os cientistas, conseguem atravessar as barreiras naturais do organismo e atingir o cérebro. “O estudo sugere que a exposição a longo prazo à poluição do ar procedente do trânsito e outras fontes pode desempenhar um papel no desenvolvimento de meningiomas”, afirmou a autora principal da pesquisa, Ulla Hvidtfeldt, do Instituto do Câncer da Dinamarca.
Publicado na revista Neurology, da Academia Americana de Neurologia, o estudo não estabelece uma relação causal, mas indica uma associação estatística significativa entre a poluição e os casos do tumor. Ao longo do período analisado, foram registrados 16.596 tumores do sistema nervoso central, sendo 4.645 meningiomas. O risco era maior entre os que viviam em áreas com alta concentração de partículas como dióxido de nitrogênio.
Os pesquisadores utilizaram registros de endereço e modelos matemáticos para estimar a exposição à poluição em áreas residenciais, considerando apenas o ar externo. Entre as limitações, destaca-se a impossibilidade de medir a exposição em ambientes de trabalho ou fechados.
O meningioma se origina nas meninges, as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Embora geralmente cresça lentamente e muitas vezes seja assintomático por anos, pode provocar sintomas como visão turva, dores de cabeça intensas, convulsões, fraqueza e dificuldade de fala.
Segundo o neurologista argentino Ignacio Casas Parera, “os resultados são surpreendentes e deveriam ser considerados nas políticas de saúde pública”. Ele aponta que as partículas poluentes podem ser um fator de risco, ao lado de outros já conhecidos, como predisposição genética e exposição a radiações.
Hvidtfeldt reforça: “Se limpar o ar ajuda a reduzir o risco de tumores cerebrais, isso poderia representar uma diferença real para a saúde pública”.