Com uma fusão de pesquisa histórica, narrativa poética e inovação tecnológica, o escritor, roteirista e diretor audiovisual Víktor Waewell lançou o curta-metragem de animação “Vilarejo Macacos: uma jornada histórica no interior de Minas”. A obra, que detalha a história do distrito de São Sebastião das Águas Claras, popularmente conhecido como Macacos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), rapidamente se tornou um sucesso online, atingindo quase 20 mil visualizações no YouTube em sua primeira semana.
O filme de ficção histórica, com 11 minutos de duração, propõe uma imersão na ancestralidade e na formação da identidade do vilarejo, que integra o município de Nova Lima.
O diretor Waewell explica que a narrativa remonta aos fragmentos da história local, marcada por um intenso choque cultural e social: “Macacos foi um local cobiçado pelos invasores do país, que se estabeleceram na região por causa da grande quantidade de ouro. Os exploradores trouxeram negros escravizados para atuar na mineração e entraram em embate com os indígenas que viviam no local. E estes três grupos, ao mesmo tempo, foram construindo a história e a identidade deste distrito, assim como aconteceu no Brasil como um todo.”
O curta-metragem também aborda o papel da comunidade na construção da capital mineira no século XIX e a transformação do local em um refúgio querido pelos belo-horizontinos, ao mesmo tempo que se mantém no centro do interesse de empresas mineradoras e ambientalistas.
Tecnologia e arte: a estética inovadora da IA
O grande diferencial do filme está no seu processo de produção. Todas as cenas e animações foram criadas com o auxílio de Inteligência Artificial (IA). A partir de pesquisa de textos, imagens e entrevistas, Waewell gerou um estilo visual sofisticado que relembra grandes pintores como Van Gogh e Portinari, misturando o clássico e o barroco com uma estética inegavelmente mineira.
Para garantir a consistência e precisão histórica (em roupas, animais e na própria vila), o processo envolveu a união de diversas ferramentas de IA, combinando fotos, desenhos e até imagens do Google Earth.
“Estamos à beira de uma revolução cultural”, afirma Víktor Waewell, destacando que os recursos de IA tornam viável a produção de obras de alto valor com um orçamento mais acessível.
A Voz dos Moradores: ancestralidade e histórias
A pesquisa contou com a participação fundamental de moradores, que forneceram a riqueza da ancestralidade e das histórias locais. Dona Vicentina, benzedeira, é incorporada na narrativa do curta.
Já Flávio Passos, historiador, diretor-geral do Instituto Bacia Viva e descendente de uma família que se estabeleceu na região há cinco gerações, diz que o filme conseguiu “captar a essência de Macacos": “Achei o filme brilhante, lúdico e bem profundo. Trouxe a história de Macacos, a razão de ser de Macacos e da gente que ama e quer multiplicar este brilho. A força da natureza, das águas. Amo este lugar, Macacos é o grande cristal resplandecente da grande BH”, elogia Passos.
A narração da história, do início ao fim, foi conduzida pela atriz e dubladora mineira Mariana Nolaço, cuja voz foi escolhida após testes.
Impacto e próximos passos
Lançado em 30 de outubro, o sucesso do curta-metragem no YouTube comprova a força do conteúdo on-line. Para se ter uma ideia, a marca de quase 20 mil visualizações em uma semana exigiria mil exibições em uma sala de cinema de 200 lugares.
O projeto, realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, também está sendo levado para o meio educacional por meio de oficinas em escolas públicas de Nova Lima, uma contrapartida que tem superado as expectativas.
Fabiana Lopes, diretora executiva do curta, ressalta: “Um dos pontos mais bonitos do projeto foi a troca com as escolas públicas de Nova Lima... Ver o interesse e o envolvimento deles foi muito gratificante.”
Apesar do sucesso digital e nas escolas, o diretor Víktor Waewell ainda acalenta um sonho simples e comunitário: exibir o filme, com pipoca e alegria, na praça da Igrejinha, em um dia de festa, para os moradores de Macacos.