Em celebração ao mês da Consciência Negra, a mestranda em Educação pela UFMG, Sara Negritri, lança na próxima segunda-feira (10) uma ferramenta lúdica e educativa para resgatar e valorizar a sabedoria africana. O jogo “Adinkra-Tri: Jogo da Memória dos Ancestrais” utiliza os símbolos Adinkra, um antigo sistema de escrita visual do povo Akan, de Gana, que expressam conceitos filosóficos, morais e sociais.
Segundo Sara, o jogo é um “instrumento de reeducação cultural, cognitiva e ancestral, que resgata memórias apagadas e celebra a sabedoria dos povos africanos. É um convite para que cada jogador se reconheça como parte de uma história viva, plural e sagrada”, explica.
A voz de gana no jogo
As 52 cartas ilustradas do jogo trazem um QR code que direciona o jogador a um site exclusivo por onde será possível aprender a pronunciar os nomes dos Adinkras da forma correta em Gana, na voz de um africano ganense.
A funcionalidade visa combater estereótipos e inserir de forma realística as tradições africanas na educação brasileira, contribuindo diretamente para a aplicação da Lei 10.639/2003, que obriga o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas.
Sabedoria, cooperação e memória coletiva
O “Adinkra-Tri” é composto por 52 cartas, desafiando os participantes a formar pares de símbolos e, em seguida, a refletir sobre seus significados e formas de aplicação prática na vida.
O conceito do jogo subverte a lógica da competição, incentivando valores civilizatórios africanos:
- Vitória com sabedoria: vence não apenas quem faz mais acertos, mas quem demonstra sabedoria, generosidade e espírito comunitário para preservar a memória.
- O Sábio da vez: quem acerta dois pares seguidos se torna o “Sábio da Vez” e pode doar sua jogada, ganhando pontos extras por demonstrar cooperação e autocontrole.
- Coringas Adinkra: Cartas especiais como Sankofa e Nyansapow promovem duelos de sabedoria ou resgate de jogadores, reforçando os ensinamentos ancestrais.
Sara Negritri reforça que os Adinkra são ferramentas de resistência: “Eles preservam a filosofia africana, transmitindo conhecimentos que sobreviveram à diáspora, à colonização e ao apagamento cultural... valorizando saberes que ensinam valores de coletividade, ancestralidade, equilíbrio e respeito à vida” conclui.
Lançamento e relançamento
Na mesma data do lançamento do jogo, haverá também o relançamento do livro “Samba e Pandemia: 2021- O Ano em que o Samba parou”, de autoria de Sara Negritri e Tadeu Kaçula, obra que registra e exalta o saber dos mestres e mestras da cultura popular afro-brasileira.
Serviço
Lançamento do Jogo “Adinkra-Tri: Jogo da Memória dos Ancestrais” e Relançamento do livro “Samba e Pandemia: 2021- O Ano em que o Samba parou”
- Quando: 10 de novembro - 18h
- Onde: Jardim Mandala - Prédio da FAE (Universidade Federal de Minas Gerais)
- Entrada gratuita