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Eduardo Costa: Viver é a saída

Diante de um diagnóstico sem solução, família decide viajar pelo mundo com os filhos

Resolveram viajar pelo mundo enquanto é tempo

Você vai ao oftalmologista e descobre que três dos quatro filhos sofrem de retinite pigmentosa, ou, retinose pigmentar, uma condição genética que causa perda ou declínio da visão ao longo do tempo, e eles podem ficar cegos a qualquer momento. Não há nada a fazer? Infelizmente não, só esperar pelo pior.

Um casal canadense, Edith e Sebastien, decidiu não sentar e chorar, ou entrar em depressão piorando a qualidade de vida de todos enquanto os dias fatais não chegam. Ao contrário, resolveram viajar pelo mundo enquanto é tempo. A mãe explicou que mostrar a foto de um elefante, por exemplo, não basta; é preciso ir aonde o animal está para que os filhos guardem na memória. Deixaram a cidade de Montreal em março último, sem roteiro ou destino definido, e já passaram por vários países na África e na Ásia.

Não que tenham desistido de lutar para que os filhos continuem enxergando. Pesquisas são feitas em todo o mundo e o casal vai tentar de todas as formas evitar o desfecho estabelecido no diagnóstico. Mas, até lá, pai e mãe vão oferecer o máximo possível de “memória visual” para as crianças.

Conheço casos de retinose, especialmente o de uma família de Venda Nova, em Belo Horizonte. De oito irmãos, cinco são cegos, um deles Geraldo Magela, o Ceguinho, humorista famoso, que viu pela última vez aos 27 anos, em 19 de janeiro de 1982. Ele nunca desistiu. Foi a Cuba atrás de um tratamento promissor, continua na pesquisa, conversa, viaja e, enquanto isso, trabalha para superar limites e discriminações.

Se chega num lugar e alguém o coloca em cima de uma bicicleta ou na borda de uma piscina, é só dizer a direção exata que o desempenho de Magela vai impressionar. Minha sogra, bem-humorada, costumava dizer, durante as visitas que ele fazia à nossa casa: “Me engana que esse ceguinho é não vê”. Através de Magela conheci a importância da memória visual para quem não é cego desde o nascimento. E, com o exemplo dele, aprendi a respeitar todos que não entregam os pontos diante de futuro assustador.

Antes de trabalhar no rádio, Eduardo Costa foi ascensorista e office-boy de hotel, contínuo, escriturário, caixa-executivo e procurador de banco. Formado em Jornalismo pelo UNI-BH, é pós-graduado em Valores Humanos pela Fundação Getúlio Vargas, possui o MBA Executivo na Ohio University, e é mestre em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Agora ele também está na grande rede!