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Barragem da Vale é interditada em Mariana e 300 pessoas podem ser evacuadas da área

Duas pilhas de rejeitos grandes, localizadas à frente da barragem, estão instáveis.

Barragem na Mina da Fábrica, em Mariana

A Agência Nacional de Mineração (ANM) interditou, nesta segunda-feira (13), atividades na Mina de Fábrica Nova, em Mariana, e 295 pessoas devem ser retiradas da área de risco. Segundo apuração da coluna, a Vale inseriu um documento no Sistema Eletrônico de Informações comunicando que as pilhas de rejeitos à frente da barragem estão instáveis. A Itatiaia teve acesso, com exclusividade ao documento. O laudo foi elaborado pela consultoria Walm em 2020, mas inserido pela Vale em 2023, conforme apurou a coluna.

De acordo com a ANM, foram suspendidas de imediato as atividades de disposição de estéril em pilhas da Mina de Fábrica Nova, da Vale, por não comprovação da estabilidade das estruturas. As pilhas interditadas são a PDE Permanente I, PDE Permanente II e PDE União Vertente Santa Rita.

Segundo apuração da coluna, a Vale inseriu um documento no Sistema Eletrônico de Informações comunicando que as pilhas de rejeitos à frente da barragem estão instáveis. A Itatiaia teve acesso com exclusividade ao documento. O laudo foi elaborado pela consultoria Walm em 2020, mas inserido pela Vale apenas em 2023, conforme apurou a coluna.

Nesta semana, equipe da ANM, em parceria com a Defesa Civil, está realizando vistoria no local para definir a linha de ação que deve ser adotada pela empresa. Assim que for apresentado laudo atestando a estabilidade das estruturas, a ANM decidirá sobre a manutenção ou não da intervenção.

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Caso as pilhas sofram algum tipo de ruptura haverá situação similar à ocorrência do transbordamento de um dique da Mina Pau Branco, da Vallourec, em janeiro 2022. Na ocasião, os rejeitos invadiram a BR-040, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em caso de rompimento, os rejeitos levariam 35 minutos para chegar ao distrito de Santa Rita Durão, onde fica o subdistrito de Bento Rodrigues. A situação da barragem da Mina de Fábrica Nova é monitorada desde sexta-feira (10). A Agência Nacional de Mineração e Defesa Civil Estadual seguem para o local na manhã desta segunda (13).

O auto de interdição foi expedido na última sexta-feira (12). Procurada, a Vale respondeu que aguarda resultado de vistoria da ANM. Leia na íntegra:

“A Vale informa que, na última sexta-feira (11/11), a Agência Nacional de Mineração interditou, preventivamente, as atividades de disposição de estéril nas pilhas PDE Permanente I, PDE Permanente II e PDE União Vertente Santa Rita, da mina Fábrica Nova, em Mariana. A empresa acompanha vistoria da ANM e Defesa Civil, nesta segunda-feira, para os esclarecimentos necessários sobre as condições de estabilidade das estruturas, que permanecem inalteradas. Importante reforçar que as estruturas geotécnicas da companhia são vistoriadas frequentemente pela agência reguladora e monitoradas permanentemente por equipe técnica especializada”.

No final do dia, dez horas após a notícia da interdição das pilhas que poderiam desestruturar a barragem, a mineradora enviou nova nota à imprensa dizendo não há risco de rompimento, que não haverá necessidade de evacuação e confirmando a interdição das pilhas de minério, conforme já havia sido informado pela nossa reportagem. “A Vale esclarece que não há risco iminente atrelado às pilhas de estéril da mina de Fábrica Nova, em Mariana (MG), assim como não há a necessidade da remoção de famílias. Diferentemente do que foi veiculado por alguns veículos de imprensa, a pilha de estéril é uma estrutura de aterro constituída de material compactado, diferente de uma barragem e não sujeita à liquefação. Importante também esclarecer que o dique de pequeno porte localizado à jusante de uma das pilhas tem declaração de condição de estabilidade positiva. A Vale reitera que a segurança é um valor inegociável e que cumpre todas as obrigações legais. A Vale continuará colaborando com as autoridades e fornecendo todas as informações solicitadas.”

Edilene Lopes é jornalista, repórter e colunista de política da Itatiaia e podcaster no “Abrindo o Jogo”. Mestre em ciência política pela UFMG e diplomada em jornalismo digital pelo Centro Tecnológico de Monterrey (México). Na Itatiaia desde 2006, já foi apresentadora e registra no currículo grandes coberturas nacionais, internacionais e exclusivas com autoridades, incluindo vários presidentes da República. Premiada, em 2016 foi eleita, pelo Troféu Mulher Imprensa, a melhor repórter de rádio do Brasil.