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Deficit zero é suficiente? O que fazer para alavancar a economia brasileira

Projeção da IFL é de défict zero com margem de tolerância. No entanto, para diminuir a dívida do Brasil é necessário superávit de 2,5% ao ano

Marcus Pestana

A projeção da Instituição Fiscal Independente (IFL) é que o governo federal alcance o défict zero na margem de erro, segundo Marcus Pestana, diretor-executivo da entidade. “E esse ano de 2024 não será diferente. Nós teremos pelas nossas projeções 0,4% de déficit do PIB e com os descontos o governo fechará as contas em 0,1, batendo na trave, mas cumprindo a meta usando a margem de tolerância”, adianta Pestana. Mas não produzirá o superávit necessário para não deixar a dívida crescer. Os números estão em linha com o que já adiantou o ministro da fazenda, Fernando Haddad.

No entanto, para diminuiur a dívida do estado brasileiro, segundo o economista, é necessário superávit nos próximos anos. “O governo precisaria de um superávit em torno de 2,5% do PIB a cada ano para não deixar a dívida crescer, porque o Brasil está pagando juros com mais dívida. Ele tem que se endividar para pagar os juros. Então vai crescendo igual a uma bola de neve”, analisa Pestana.

Os desafios da economia brasileira

Inflação, dívida da União, taxa de juros, valorização do real, gastos públicos e orçamento engessado: todos esses elementos precisam ser alterados e controlados para que a economia melhore e se estabilize. Segundo Pestana, o déficit zero não é suficiente. “Produzindo superávit fiscal e para isso é preciso uma reforma profunda. O presidente Lula tem a cada ano 2,1 trilhões, isso em 2024. Ele não pode dispor desse dinheiro livremente. 80% desses recursos vão para seis programas. (3:31) Previdência, Folha de Salários e Servidores, BPC, Benefício de Prestação Continuada, Bolsa Família, Abono Salarial e Seguro Desemprego. Esses seis itens do orçamento levam 80%. Depois vem uma série de outras despesas obrigatórias e é por isso que o governo não tem mais fôlego”, explica.

Reforma administrativa
A reforma administratia é necessária, mas também não resolve o problema. “A nossa taxa de investimento está baixíssima e isso tem que ser corrigido, não só produzir quantitativamente o superávit necessário para a dívida não crescer, como também mudar o perfil do gasto para sobrar dinheiro para investimento”, detalha.

Assista a entrevista na íntegra:

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Edilene Lopes é jornalista, repórter e colunista de política da Itatiaia e podcaster no “Abrindo o Jogo”. Mestre em ciência política pela UFMG e diplomada em jornalismo digital pelo Centro Tecnológico de Monterrey (México). Na Itatiaia desde 2006, já foi apresentadora e registra no currículo grandes coberturas nacionais, internacionais e exclusivas com autoridades, incluindo vários presidentes da República. Premiada, em 2016 foi eleita, pelo Troféu Mulher Imprensa, a melhor repórter de rádio do Brasil.

A opinião deste artigo é do articulista e não reflete, necessariamente, a posição da Itatiaia.