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Células dormentes da retina podem devolver visão perdida

Elas têm a habilidade de se reprogramar e podem se transformar em fotorreceptoras

Estudos buscam formas de restabelecer visão perdida

Neurônios dormentes do tecido ocular podem ser a solução para a perda de visão em razão de degeneração da retina — quando as células fotorreceptoras do fundo dos olhos morrem e não são substituídas, o que gradualmente leva o paciente à cegueira. Os neurônios dormentes são as gliais de Müller (ou células de Müller), que atuam como cones fotorreceptores nas células.

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Essas células têm a habilidade de se reprogramar em alguns animais. Nos seres humanos e mamíferos em geral, doenças e ferimentos causam danos irreparáveis nelas e elas perdem a capacidade de se regenerar. Nos peixes, por sua vez, elas são reativadas e conseguem reconstruir a retina. Ainda não se sabe por que isso acontece.

O processo foi testado em células de camundongo e as descobertas podem levar, no futuro, a terapias de restauração de visão em quem teve degeneração da retina. Alguns genes-chave (o Ikzf1 e o Ikzf4) e as proteínas que eles produzem fizeram parte da pesquisa.

Conhecidas como Fatores de Identidade Temporal (FIT), elas têm papel importante no desenvolvimento de células em diversos tipos. As células de Müller foram isoladas e cultivadas antes de serem reprogramadas usando FITs. Apesar de os FITs não terem transformado completamente as gliais em células-cone, elas assumiram características necessárias para funcionarem como fotorreceptoras.

As gliais ajudam a nutrir, regular e organizar outras células oculares, mas, por enquanto, não há quantidade suficiente delas para converter células fotorreceptoras e curar uma visão perdida. A pesquisa está em estágio inicial e é possível que, no futuro, os tratamentos em humanos não necessitem do transplante de células novas.