Ouvindo...

Após reconhecimento facial, advogada é impedida de entrar em show

Ocorrência nos EUA envolve funcionária de um escritório de advocacia que atua em processo contra empresa dona do estabelecimento

Advogada não pôde acompanhar apresentação de Natal

Imagine o seguinte: você vai a uma apresentação de Natal em uma casa de shows e é impedido de entrar porque o sistema de reconhecimento facial alertou a equipe de segurança. Foi assim que a advogada Kelly Conlon perdeu o espetáculo da companhia de dança Rockettes no Radio City Music Hall, em Nova York, nos EUA.

Leia mais:

Isso porque a profissional trabalha em um escritório envolvido em um processo contra a empresa que administra a casa de shows, a Madison Square Garden Entertainment (MSG). Ela conta, em entrevista à NBC, que foi removida do lobby por seguranças que disseram que ela tinha sido “pega pelo reconhecimento” — que ela interpretou como a tecnologia de reconhecimento facial. Eles sabiam seu nome e a empresa em que ela trabalha.

Ela pode, ainda, ter sido identificada de outras formas: se apresentou algum documento ou se seu nome estava no ingresso, por exemplo, isso pode ter alertado os sistemas de segurança do local. A advogada destaca, porém, que foi abordada logo após passar pelos detectores de metais (em geral, o sistema de reconhecimento facial está integrado ou próximo a eles).

Kelly trabalha no escritório Davis, Saperstein & Solomon, de Nova Jersey, que atua em um caso contra um restaurante da MSG por lesões pessoais. Kelly não participa da equipe responsável. Embora não confirme que Kelly foi identificada pelo reconhecimento facial, a empresa informa que usa a tecnologia. A visitante teve de esperar do lado de fora do estabelecimento enquanto sua filha entrou com colegas para acompanhar a apresentação.

A MSG tem como política proibir a entrada de advogados de escritórios envolvidos em ações contra ela até que o caso seja resolvido. A prática já foi questionada nos tribunais: a juíza Kathaleen McCormick disse que se tratava da “coisa mais idiota que ela já leu”. Em outro caso, o juiz aponta que a entrada não pode ser proibida se o visitante tiver um ingresso válido, mas salienta que a MSG tem o direito de não vender ingresso para essas pessoas.

Críticas à tecnologia

Cada vez mais comuns, os sistemas de reconhecimento facial são constantemente criticados. Há incertezas sobre como as informações são armazenadas e gerenciadas, bem como dúvidas sobre a precisão da tecnologia — algo que pode levar a erros nas abordagens.

Segundo a Universidade de Essex, no Reino Unido, 81% dos alertas feitos por reconhecimento facial usado em Londres estavam incorretos. A polícia local diz que há apenas um falso positivo a cada mil pessoas.

Algumas localidades, em diferentes países, já proíbem ou restringem o uso do reconhecimento facial. São Francisco, na Califórnia (EUA), por exemplo, impede que o governo contrate serviços do tipo sem aprovação prévia. Já em Nova York, empresas que usam a tecnologia são obrigadas a informar o público.

No Brasil, parlamentares e ativistas denunciaram uma iniciativa da prefeitura de São Paulo para contratar um sistema de monitoramento que usa a tecnologia de reconhecimento facial. Segundo o edital do projeto, as câmeras identificariam suspeitos a partir de algumas características, como a cor da pele. A movimentação levou à suspensão do edital.