Com 11 integrantes, a banda feminina de K-pop Eternity já acumula milhões de visualizações online. Diferentemente de outras opções do segmento, entretanto, todas as participantes do grupo têm avatares virtuais hiper-realistas criados por
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O pop coreano se tornou um sucesso na última década em todo o mundo. Com isso, é hoje uma das exportações mais lucrativas e influentes da
A empresa produziu 101 rostos fictícios e os dividiu em quatro categorias: fofa, sexy, inocente e inteligente. Os fãs, então, votaram em seus favoritos e os designers da empresa desenvolveram a animação das personagens vencedoras. Segundo Jenna, a Pulse9 usa as diretrizes éticas de inteligência artificial da União Europeia ao criar seus avatares. “Sempre deixo claro que são personagens fictícios”, destaca.
Para bate-papos ao vivo, vídeos e encontros de fãs online, os rostos dos avatares podem ser projetados em cantores, atores e dançarinos anônimos — exatamente como em deep fakes. “Personagens virtuais podem ser perfeitos, mas também podem ser mais humanos do que os humanos”, diz Jenna em entrevista à BBC 100 Women.
Ausência de escândalos
Outra vantagem das bandas virtuais é a ausência de escândalos. “Eles podem ser divertidos, mas são um risco para os negócios”, afirma Jenna. Ela acredita que pode fazer bom uso das novas tecnologias para minimizar riscos para artistas de
O gênero já desencadeou um debate sobre saúde mental e cyberbullying na Coreia do Sul. Em 2019, por exemplo, a cantora e atriz Sulli foi encontrada morta em seu apartamento aos 25 anos. Ela havia se afastado da indústria do entretenimento depois de supostamente “sofrer física e mentalmente com boatos maliciosos e falsos que se espalharam sobre ela”.
Sua amiga Goo Hara, outra artista do segmento, foi encontrada morta em sua casa, em Seul, pouco tempo depois. Goo buscava justiça depois de ter sido filmada secretamente por um namorado e era alvo de violentos abusos online por isso.
Alguns grupos de K-pop adotaram tecnologias de avatar e a previsão é de que esse percentual aumente. Projeções da Emergen Research indica que esse mercado pode alcançar US$ 527,58 bilhões globalmente até 2030. O uso de cópias virtuais dos integrantes das bandas permite que os grupos alcancem fãs em fusos horários diferentes e até rompam barreiras linguísticas — algo que artistas humanos jamais poderiam fazer.
A banda Aespa, por exemplo, é formada por quatro cantoras e dançarinas humanas (Karina, Winter, Giselle e Ningning) e suas quatro correspondentes virtuais (ae-Karina, ae-Winter, ae-Giselle e ae-Ningning). Os avatares podem interagir com os fãs em mundos virtuais e ser usados em várias plataformas.
O grupo feminino
Movimento começou durante a pandemia
Durante a pandemia de
Moon conta que ficou impressionada com a aparência dos avatares do grupo, mas diz que prefere se encontrar com os seguidores pessoalmente. “Não acho que [o uso de tecnologia] seja algo ameaçador. Talvez possamos aprender novas habilidades. Não acho que sejam uma ameaça que possa nos substituir”, pontua.
Há preocupações na indústria sobre aspectos éticos e de direitos autorais das tecnologias de avatar. “Há muitas incógnitas quando se trata de artistas no metaverso, versões virtuais, ícones de si mesmos, seja o que for”, afirma Jeff Benjamin, colunista de K-pop da Billboard, em entrevista à BBC 100 Women. “Pode ser que os próprios artistas não estejam no controle de sua imagem e isso pode criar uma situação de exploração.”
O mundo virtual pode, entretanto, ser um espaço hostil para estrelas e fãs de K-pop, uma vez que faltam regulamentos para prevenir cyberbullying e abusos ou, quando eles existem, de serem raramente aplicados. O psiquiatra infantil e adolescente Jeong Yu Kim, de Seul, diz que é muito cedo para saber como a tecnologia virtual e os personagens de inteligência artificial vão afetar os jovens.
Segundo ele, a indústria do K-pop é muito sensível ao que o público quer e deseja que os artistas satisfaçam essas demandas. “Nos mundos virtuais, podemos ser mais livres e fazer coisas que não podemos fazer fora deles. É possível ser outra pessoa.”
Houve, entretanto, uma mudança na indústria para atender às necessidades de saúde mental dos artistas e reduzir sua carga de trabalho. “Os artistas têm falado sobre o que acontece com sua saúde mental e isso cria uma conexão mais profunda com os fãs.”