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Foto íntima tirada por robô aspirador vai parar no Facebook

Imagens foram expostas por funcionários de uma empresa parceira da fabricante do equipamento

Roomba J7 foi o responsável por coletar imagens de mulher no banheiro

Parece que já passou o tempo em que os robôs aspiradores limpavam a casa de forma amadora. Atualmente, há modelos que usam câmeras para mapear os ambientes, identificar objetos próximos e detectar áreas que precisam de limpeza.

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É o caso do Roomba J7, da iRobot. Só que o pequeno ajudante cometeu uma invasão de privacidade: ele capturou fotos íntimas de uma mulher enquanto ela usava o banheiro. E isso se transformou em um incidente grave, já que as imagens foram expostas online.

Depois de capturado, esse material é enviado à fabricante. Uma vez recebido pela iRobot, o conteúdo foi repassado à ScaleAI, que classifica áudios, vídeos e imagens usados no desenvolvimento de novos produtos. A iRobot diz que os consumidores que têm seus robôs aspiradores aceitam que seus dados sejam monitorados.

Essa movimentação das imagens — para que sejam usadas no treinamento de algoritmos de inteligência artificial para outros robôs — se transformou em uma vulnerabilidade de segurança para os dispositivos. A equipe da ScaleAI tem profissionais de todo o mundo envolvidos no trabalho com os materiais capturados.

James Bausmann, porta-voz da iRobot, diz que o compartilhamento das imagens no Facebook, no Discord e em outras plataformas violou “um acordo de não divulgação entre a iRobot e um provedor de serviços de anotação de imagem”. Isso confirma que a exposição do material partiu de funcionários da ScaleAI.

A iRobot informa que a parceria com a empresa foi encerrada. Antes disso, entretanto, a iRobot compartilhou mais de 2 milhões de imagens com ela. A Technology Review teve acesso a 15 imagens capturadas pelo Roomba J7 que foram compartilhadas na internet.

Humanos e máquinas

Para especialistas ouvidos pela Technology Review, a revisão de imagens por humanos não é ideal. “Não se espera que seres humanos revisem as imagens brutas”, diz Justin Brookman, diretor de política de tecnologia da Consumer Reports.

Jessica Vitak, cientista da informação e professora do departamento de comunicação da Universidade de Maryland, lembra que máquinas são tratadas diferente de humanos. “É muito mais fácil para mim aceitar um aspirador movendo-se pelo meu espaço [do que] alguém andando pela minha casa com uma câmera.”