Os números estampados em pistas de aeroportos representam o ângulo de orientação da bússola para que um piloto direcione o avião corretamente. No início do mês, as duas pistas do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em
Regidas pelo campo magnético terrestre, as bússolas são afetadas por mudanças nele. O campo magnético da Terra é como um enorme ímã, criado pelo fluxo de metais derretidos (ferro e níquel), que se movimentam na camada mais externa e líquida do núcleo da Terra. Isso promove mudanças magnéticas e faz que o Norte esteja sempre em movimento.
Recentemente, porém, isso tem ocorrido mais rápido do que o previsto. Entre 1990 e 2005, o movimento do Norte magnético passou da tradicional velocidade entre 0 e 15 Km por ano para os atuais 50 a 60 Km por ano. Quando foi encontrado pela primeira vez, em 1831, ele estava nas ilhas do Ártico canadense. Hoje, fica em um ponto na costa da Groenlândia, a cerca de 400 quilômetros do polo norte geográfico, e segue em direção à Sibéria, na Rússia.
Essa inconstância afeta diferentes sistemas de navegação — como os de aviões, de navios e até de smartphones. Por isso, o Modelo Magnético Mundial (um mapa que descreve o campo magnético terrestre no espaço e no tempo) precisa ser alterado periodicamente. A atualização mais recente foi em 2020. A próxima está prevista para 2025.
Pequena diferença, grandes implicações
As alterações nos números das pistas do Aeroporto Internacional de Guarulhos foram necessárias para evitar incidentes em
Se a bússola aponta, por exemplo, para 92º, a numeração é 09. Já para 257º, é 26 (se o algarismo final for maior que cinco, arredonda-se para cima). Com pistas paralelas, os números são acompanhados das letras L (indica a da esquerda), R (a da direita) e C (a do centro, se houver).
Em Guarulhos, os rumos mudaram de 95º para 96º e de 275º para 276º. Embora seja pequena, essa alteração afeta o arredondamento e pode fazer diferença em um pouso com pouca visibilidade, por exemplo. Além das marcações em solo e das sinalizações do pátio, foi necessário mudar a documentação de navegação e os sistemas informativos do tráfego aéreo.
Sem essa atualização, erros podem ser fatais. Em 2006, por exemplo, o voo 5191 da Comair se acidentou após pousar no Aeroporto de Lexington, no Kentucky (EUA), porque o piloto se confundiu e pousou em uma pista muito curta. Entre as 50 pessoas
Por isso, órgãos regulatórios de todo o mundo acompanham as alterações no campo magnético terrestre. No Brasil, a responsável por essa verificação é a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).